segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Schadenfreude


A palavra "Schadenfreude" é um termo germânico, sem tradução em português, cunhado para designar a sensação mórbida de felicidade e satisfação que algumas pessoas têm quando se deparam com o infortúnio alheio.

Nem todo mundo admite esse sentimento, mesmo porque é muitas vezes baixo, mesquinho ou até mesmo cruel, mas é comum sentirmos prazer com a desgraça de alguém. Esse sentimento inconfessável e até mesmo politicamente incorreto parece ter sido identificado recentemente por neurocientistas numa região bem delimitada do cérebro: quando se tem tal sensação há muita atividade neurológica naquela dada região.

Pois bem, a minha deve estar numa atividade intensa: numa semana morre Celso Pita, noutra semana Paulo Maluf e outros são condenados por desvio de verbas públicas na construção do Túnel Ayrton Senna e agora explode o escândalo dos mensaleiros de Brasília em que o próprio Governador do DF, José Roberto Arruda, foi flagrado recebendo dinheiro sujo e pode ser expulso de seu partido e cassado de seu cargo.

Fico mesmo satisfeito ao ver essa gente se dando mal.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

REPENSAR E REDUZIR

Hoje li que a DDB de Berlim instalou um programa, em todos os computadores da empresa, que visa diminuir o número de impressões de emails. Cada vez que alguém clica em imprimir a seta do mouse vira uma motosserra, com barulho e tudo. Se mesmo assim o usuário confirmar a impressão o som passa a ser de uma árvore sendo derrubada, mas caso desista de imprimir, os passarinhos cantam. Disseram que depois de 3 meses, a empresa reduziu em 12% o consumo de papel.

Imaginem se tivessemos a mesma oportunidade de repensar antes de gerar desperdício, estes 12% poderia significar muito. Imagine se ao ligar o carro pudessemos ver o quanto estamos contribuindo para a emissão de gases, ou se ao descartamos material reciclável em lixo comum enxergássemos o que é possível ser feito com estes materiais e que pessoas vivem deles, ou se ao jogarmos uma simples bituca (ou guimba) na rua pudessemos acompanhar o caminho e o destino final dela. Com certeza nesses poucos segundos muitos destas práticas poderiam ser mudadas.

Tenho esperança de que muito vai mudar, e que atos como este da DDB, talvez visto como uma brincadeira por alguns, possam contribuir para que novas idéias contribuam para mudanças de hábitos importantes para o planeta.

Esta música de Michael Jackson não virou hit, talvez porque haviam temas mais importantes para o país dos idealizadores na ocasião, temas que vendiam mais e não davam margem a culpas. Quero crer que o país deste afrodescendentenegrobranco hoje está caminhando para mudanças ... já é um grande passo.



quarta-feira, 11 de novembro de 2009

RODÍZIO UM DIA APÓS O BLECAUTE: sim ou não?

Hoje o Roberto saiu de casa sabendo que o rodízio foi suspenso pela manhã, sabia - ou melhor - pensava ele que estaria tudo bem na volta, afinal tinha compromissos em Aldeia da Serra ás 18hs.

Muito bem poder sair de casa. Curioso é não poder voltar e nem cumprir seu compromisso no horário pensado.

Puta que pariu, que merda de cidade é essa? Não podemos nem sequer confiar em nossos governantes porque estes se esquecem de que quem saiu de carro pela manhã precisa do mesmo carro para voltar. Ou são uns burros ou não estão nem aí para a população.

O Roberto é que tem razão: é mais uma forma espúria de arrecadar multa porque se o cidadão não está atento para essa mudança da regra do jogo ele, por certo, será multado e vai pagar, mais uma vez, sem ter culpa.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A BUNDA - UMA REFLEXÃO SOBRE A INTOLERÂNCIA DOS ALUNOS DA UNIBAN


Fiz uma pausa para reverenciar, no post anterior, uma poesia de Fernando Pessoa (Poesia em Linha Reta) quando me veio à mente outra poesia, desta vez de Carlos Drumond de Andrade: "A Bunda, que engraçada".

Com esse título muita gente duvidaria que se tratasse, de fato, de palavras daquele poeta. Certa vez cheguei a ser indagado pelo meu então professor Gabriel Challita se, por acaso, eu teria encontrado esse poema na internet.

O curioso é que logo me veio à mente a questão da garota hostilizada na Uniban e daquele bando de alunos perversos que, sem pudor, demonstram-se intolerantes, reacionários, preconceituosos, machistas e absurdamente incultos como podemos observar do link abaixo
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/11/09/ult5772u6009.jhtm

Aliás, tantos para essa gente quanto para outros brasileiros provincianos que apoiaram a atitude "talebanista" dos alunos da UNIBAN penso que a saída talvez fosse ampliar seu horizonte intelectual por meio de visitação a museus e bibliotecas, vem como viagens para outros países a fim de conhecerem um pouco mais sobre o que é ser civilizado.

Quem sabe, ao se depararem com as pinturas e as esculturas belíssimas de corpos nús espalhadas no Louvre, Prado, Museu Nacional de Nápoles, assim como em outros museus mundo a fora, mudassem sua perspectiva de vida. Claro que por via das dúvidas eu sugeriria à direção desses museus que protegessem as obras de artes antes que num arroubo de proteção à moral e a ética alguém resolvesse destruí-las.

Nem mesmo em países como Argentina, Itália e Espanha onde a Igreja Católica tem tanta influência nos valores e nos costumes quanto aqui (senão até mais do que aqui) se vê alguma barbaridade como o evento da Uniban mesmo quando as moças usam saias ou roupas ainda mais curtas, mais cavadas e infinitamente mais reveladoras do que a menina agredida em referida faculdade.

A verdade é que nem é preciso viajar, basta ir a bibliotecas e buscar livros que tratem do tema.

Por isso segue a contribuição de Carlos Drumond para que essas cabeças retrógradas possam aprender alguma coisa sobre estética e, quem sabe, ao invés de ver imoralidades onde não existem possam apreciar sem maldade ou falsos pudores aquilo que a natureza fez de belo:

"A bunda, que engraçada

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda
redunda."

POESIA EM LINHA RETA

Assim escreveu Fernando Pessoa:   

"E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,


Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."



segunda-feira, 9 de novembro de 2009

EDUCAÇÃO SE FAZ COM ATITUDE E NÃO COM COMPLACÊNCIA

"Malleus Maleficarum" era o livro usado pela Santa Sé para perseguir e eliminar mulheres livres e "libertinas" que, na acepção católica, eram instrumentos do demônio. E a Santa Inquisição tinha o poder de torturar e eliminar essas mulheres que, pela luxúria, induziam a humanidade ao pecado.  Noutras palavras, ser livre ou libertina, agir com o direito que a natureza deu a todos nós era, para a mulher, sua sentença de morte.


Saindo desse passado distante, quem nunca ouviu falar da "legítima defesa da honra"? Tese jurídica que até os anos 70 era usada para justificar e absolver maridos que assassinaram sua mulheres consideradas, por eles, como ofensoras dos princípios éticos, da dignidade familiar e da moralidade. Noutras palavras: o marido, quase sempre frustrado pelo grau de liberdade de sua mulher, a penalizava com a morte e a sociedade o absolvia por entender que ele nada mais fez do que reagir em defesa do ambiente social e familiar.

Pois bem, no dia 22/10 uma aluna foi humilhada e rechaçada por uma multidão de outros alunos por estar trajando um vestido que muitos consideraram curto demais ou inadequado para o ambiente de faculdade. A moça foi ofendida com palavras chulas e teve que sair escoltada com policiais porque aquele bando de gente grotesca e não civilizada simplesmente não conseguia conter sua fúria.

Em pleno século 21, num Brasil que luta contra a discriminação de gêneros, o palco da barbárie estudantil foi a UNIBAN que uma breve sindicância expulsou a aluna porque a mesma teria ofendido "os princípios éticos, a dignidade acadêmica e a moralidade" e que "resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar".

Para quem quiser ver o vestido da discórdia ou ler a nota divulgada pela UNIBAN, seguem os links:

Consta que na data de hoje a reiotria, diante das manifestações de desaprovação de vários segmentos do governo e da sociedade, revogou a medida de expulsão.

De qualquer sorte não deixa de ser emblemático que os verdadeiros ofensores de princípios éticos, da dignidade acadêmida e da moralidade, ou seja, os demais alunos que deram início à balburdia foram objeto da complacência a que alude o título deste tópico que, aliás, é o título da nota divulgada sexta-feira dia 06/11/2009 pela UNIBAN.

Não é à toa que o Brasil passa por um crise educacional profunda. O que se pode esperar de formandos que recebem de uma instituição de ensino um exemplo desses?

Não se pode permitir a inversão de valores e a subversão de princípios constitucionais. Onde já se viu em nome da ética e da moral (como se houvesse uma só ética ou uma só moral num mesmo grupo social) punir quem exerceu sua liberdade individual de ir e vir e livremente se expressar (e a maneira de se vestir é, a par de iconográfica, a forma das pessoas se auto afirmarem junto aos seus pares, ou seja, uma forma lícita de expressão). Pior: restaram premiados os comportamentos de fato ofensivos à lei. Isto é, aqueles que ofenderam as liberdades individuais da garota ainda, em tese, podem ter cometido delitos, tais como: injúria, calúnia e difamação, e permanecem ilesos. Isso faz sentido?

Voltar atrás na decisão de expusar a aluna não basta! É preciso punir com rigor todos aqueles que participaram da baderna e afastar os autores da decisão revogada porquanto fica claro que precisam aprender um pouco mais sobre cidadania e educação.

Afinal, como eles próprios disseram:

"EDUCAÇÃO SE FAZ COM ATITUDE E NÃO COM COMPLACÊNCIA"

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Como diria Brian Johnson, o vocalista do AC/DC: " I'm back in black"

É isso aí: estou de volta! Depois de mais de 05 meses parado o Renatão conseguiu me convencer a postar. Vamos ver se essa parceria eletrônica dá certo.

Daqui por diante é pau na máquina!

Cheguei!


Acabo de ser convidado pelo Marcos para participar como blogueiro da Hora do Flush. Ausente desde maio, venho insistindo para que ele continue com suas postagens, e hoje jantando em sua casa ele oficializou o convite. Cá estou, sem inspiração mas com vontade... Vamos ver se dou conta de ajudá-lo!