segunda-feira, 26 de março de 2012

Aberração

Encerra-me por dentro
Enclausure meu corpo
Torne-me um detento
Faça-me um morto

Se isso te faz feliz
Se isso te satisfaz
Se isso te glorifica
Se assim se sente capaz

Mas nada muda o fato
De que és aquilo que sabes
Uma aberração imbecil
Que anda portando um sabre

Criatura bestial
Pestilento e pobre bastardo
De ínfima estatura moral
Imundo reprentante do Estado

Sua pena foi lançada
No dia de seu nascimento
A certeza de que no fundo és nada
É seu impiedoso sofrimento

Beleza



Não imagino um mundo sem beleza
A beleza é promessade vida
É a esperança de alegria
Ela é como a luz que ilumina a escuridão
Acalenta nosso espírito
Aquece o coração
Mas não se engane
A beleza também é traiçoeira
Onde há luz também há sombra
E luz demais cega
Tal como uma armadilha
A beleza seduz e atrai
E não raramente te agarra, te prende e te traí
Assim é tudo na vida
A moda da moeda
Tudo tem dois lados

terça-feira, 20 de março de 2012

Esperando o amanhã chegar

Parece que esse dia não passa
Repleto de deja vu 
Um dia sem encanto
Um dia sem graça
Como num museu de fatos
No qual cenas se repetem uma após outra
Ou quem sabe num eterno feitiço do tempo
Com repetecos imediatos
Cansei desses problemas corriqueiros
Cansei das trivialidades
Nada de bom acontece
E ainda que algo ruim houvesse
Ele seria um bom companheiro
Enfadonho, cansativo, estorvante
Assim é o dia de hoje
Por isso espero o amanhã chegar
Sentado em minha cadeira
Olho pela janela
Esperando o amanhã me salvar



Porrada

sexta-feira, 16 de março de 2012

Dia Nacional da poesia - 14/03

Eu queria ser poeta
Saber tocar um coração
Com caneta papel e tinta
Ou passando de um ouvido ao outro
Suscitar reflexão

As palavras do poeta
Nos libertam dos sentidos
Se sonha sem ter alças
Mesmo estático se viaja
Dão liberdade aos oprimidos

Quem me dera ter esse dom
Arte escrita é coisa rara
Não está no intelecto
Não se aprende em nenhum livro
Vem do espírtito do cara

quinta-feira, 15 de março de 2012

Desacato à autoridade, Crime contra a honra ou um absurdo sem fim?


É de se imaginar que um juiz de direito saiba sobre "DIREITO" e não fale algum absurdo relacionado a sua profissão. Aliás, isso é de se esprar de qualquer outro profissional de qualquer outra atividade.

Mas errar e ser corrigido não poderia ser, de forma alguma, um problema.

Se um advogado diz que um determinado instituto jurídico não existe ou se ele milita contra conhecimentos básicos de sua profissão é comum ouvir de juízes e promotores que esse advogado deva voltar a estudar.

E se não é desrespeitoso dizer isso para um advogado, por que o inverso o seria?

Considero que de um lado ou de outro, dizer isso de modo nu e cru é deselegante. Mas virou rotina ver deselegâncias e desrespeitos nos tribunais promovidos por autoridades e representantes do Estado contra as partes e seus defensores. Logo, se não se é tão crítico contra estes porque ser crítico contra os advogados?

Claro que, ademais, não é crime ser deselegante, sobremaneira quando o erro corrigido for manifesto e a observação for pertinente.

Menos ainda se o advogado agiu no exercício de sua atividade profissional. Afinal assim preceitua a lei: "O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer."

Me refiro ao que vem sendo ventilado quanto a um caso recente ocorrido em São Paulo: uma juíza presidente de um tribunal de juri negou a uma advogada a oportunidade de reinquirir uma testemunha e essa advogada asseverou que seu pedido atendia a um princípio jurídico conhecido, qual seja: o da "verdade real".

Há quem discuta esse princípio, há quem defenda a existência dele ou a extirpação do mesmo do rol de princípios jurídicos. Mas que ele é objeto de estudo acadêmico e recebe exatamente essa designação, isso é incontroverso. O Santo Google que o diga...

O que ocorreu, segundo consta, é que a juíza em questão seguiu negando o direito da parte sob a afirmação de que esse princípio jurídico invocado (o da busca pela verdade real) pela nobre patrona do réu não existe ou se existe não recebe esse nome jurídico!

Como é que é????

Ouvir isso de uma juiza presidente de um plenário de juri causa espanto... 

Se dizer isso não é demonstrar ignorância eu já não saberia mais o que é. 

Vai um advogado qualquer falar uma bobagem dessas para ver se não será vítima de chacota ali mesmo na frente de seu cliente? Aliás, não são muitos os juízes e promotores que deixariam de dizer para esse advogado que ele deveria voltar a estudar. Há até os que não perderiam a chance de oficiar à OAB para ver esse "ignorante" longe das raias dos tribunais.

Pois bem, a douta julgadora sentiu-se ofendida em sua honra quanto à forma como a advogada a corrigiu. A doutora promotora acredita ter havido desacato à autoridade. E agora faz-se um lindo circo ao redor do ocorrido.

Ocorre que esses profissionais deveriam deixar sua vaidade de lado e parar de procurar chifre em cabeça de cavalo porque a polícia e o Poder Judiciário têm coisas de fato importantes para cuidar ao invés de perder tempo e dinheiro com vaidades feridas.

Afinal, crime algum se cometeu.

Não bastasse a imunidade constitucional e infraconstitucional acima referida, há ainda exceção clara  na lei quanto à injúria praticada por advogado no exercício de sua profissão, o Código Penal assim prevê:
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
...
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.

E não é diferente com o desacato à autoridade (art. 331, do Código Penal).

Só constitui crime de desacato quando materializada a ofensa, a agressão e o desprestigio a funcionário público (como o são todos os juízes) sempre atendido ao princípio legal e constitucional de que o advogado tem imunidade profissional para os atos de seu ofício.

Agora vejamos: mesmo que o advogado não estivesse protegido por sua imunidade aplicável a ambos os tipos penais, estaria ele a cometer alguma ofensa, algum desprestígio ou algo assim quando indica o estudo como fonte de informação a alguém que demonstra clara e indiscutível ignorância sobre algo? Oras, não é assim que nos instruímos sobre qualquer coisa? Estudando?

Transexuais x Dignidade

quarta-feira, 14 de março de 2012

Valores conturbados

"A unanimidade é burra", disse Nelson Rodrigues.


Dia desses eu assisti perplexo ao circo que se formou ao redor do crime ocorrido em Santo André, no qual um garoto, sem antecedentes criminais, foi acusado de fazer sua namorada e amiga de reféns por dias e, diante da total inépcia da polícia, acabar por matar a menina e ferir sua amiga. Me refiro ao caso de Lindemberg Alves, cuja condenação foi de 98 anos de reclusão.

Sem entrar no mérito da questão e sem mitigar o mal que esse rapaz propagou, é fato que estamos diante de um crime passional que jamais teria se concretizado caso a polícia tivesse o mínimo de perícia na condução da questão, agido concreta e eficazmente como se vê em outros países desenvolvidos.

Foi um crime que merecia resposta ao grupo social e à família sem perder de vistas que se o intento do acusado era mesmo o de matar ele o teria feito muito antes e, quem sabe, longe dos olhos de testemunhas, como o fazem os homicidas em crimes premeditados.

Não obstante, os meios de comunicação transmitiram à exaustão todo o julgamento do rapaz. As ruas e o fórum de Santo André ficaram totalmente lotados de gente que não tinha o que fazer, supostamente comovidos pela questão e que lutavam por sangue.

A unanimidade queria o linchamento moral do motoboy e de sua advogada...e a obteve com uma sentença indiscutivelmente desproporcional.

Dias depois ocorreu quase em silêncio o julgamento de outro crime! Comoção? Nenhuma. Rigor, nenhum. Ampla cobertura dos meios de comunicação? Zero.

Ademir Oliveira Rosário, conhecido como Maníaco da Cantareira, foi condenado nesta última terça-feira a 57 anos de prisão por homicídios qualificados e estupros contra os irmãos Francisco e Josenildo José de Olveira, respectivamente 14 e 13 anos de idade, assassinados a facadas em setembro de 2007, na Serra da Cantareira, em São Paulo

As vítimas desapareceram em setembro de 2007, na Serra da Cantareira, na capital paulista, após avisarem a mãe que iriam colher frutas em uma chácara na região. Os corpos foram encontrados três dias depois, a uma distância de 100 m um do outro. Os meninos estavam nus e tinham marcas de perfurações provocadas por objeto cortante.

A polícia localizou os corpos após três garotos denunciarem que, no mesmo dia do desaparecimento dos irmãos, um homem que fingiu estar armado ordenou que o trio o acompanhasse na mata. Os meninos disseram que o homem tentou amarrá-los em árvores, mas conseguiram fugir quando perceberam que ele não portava arma.

Um dia depois, um suspeito foi preso. Ademir Oliveira Rosário, então com 36 anos, era morador da região e cumpria pena em regime semiaberto por homicídio e atentado violento ao pudor. Ele teve permissão para deixar o presídio na sexta-feira, véspera do crime, e voltar na segunda-feira - e o fez. 

Na época, a polícia informou que ele confessou os homicídios.

Estamos nitidamente diante de uma sociedade doente, desproporcionalmente vingativa e cega, na qual a opinião pública relega um crime bárbaro e cruel e se apega a outro passional. Na qual um sujeito reincidente em práticas contra a vida e contra a moral ataca deliberadamente contra a vida e contra a sexualidade de dois adolescentes e recebe menos pena do que outro que agiu sob o efeito de seu desequilibrio emocional. Devemos rever nossos conceitos urgentemente porque estamos num país em que os valores estão de cabeça para baixo.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Azulíssimo

Azul claro
Azul caribe
Azul pecado
Azul menina
Azul bebê
Azul calcinha
Azul lacinho
Azul fusquinha
Azulíssimo

Homenagem ao dia Internacional das Mulheres

Dálias, Rosas, Margaridas
Nem todas são flores
Algumas Matildes e outras Dolores
Mães dedicadas
Sinceras amigas
Esposas prendadas
Mulheres da vida
Ou aposentadas
Cada qual tem uma sina
Cada qual uma história
Valentes parceiras
De vidas sofridas 
Ou cheias de glória
A elas eu brindo
Em alto e bom som
Por noites tranquilas
Por dias serenos
Por paz nas famílias
Por um amor pleno

quarta-feira, 7 de março de 2012

Ponto Final

A fraqueza me abate
Um cansaço perene tomou conta de mim
Me reconheço maduro
Porque noto a velhice que se aproxima
Sem trégua e sem pausa
Como um cavaleiro do apocalipse
Pronto para sua ceifa letal
Ahhh o passado 
Cada vez mais longe
Está suficientemente distante 
Para causar saudade
Eu a tudo observo
Mas nada faço
Pois no fundo temo a verdade
Essa cruel revelação
Que jaz no espelho refletindo o olhar
Repleto de perplexidade
E de crua constatação
A vida não passa por nós 
Nós é que passamos por ela
Como passageiros num trem
Podemos observar a paisagem
Enquando viajamos alucinadamente
Ao sabor da locomotiva
Se movendo em alta velocidade
Ou podemos descer a cada estação
E sem pressar apreciar o momento
Tornando-se parte da paisagem
E eu novamente o que fiz
Viajei sem sair do vagão
Olhando pela janela
Na mais perfeita inação
E não há como voltar no tempo
Porque meu destino se aproxima
Se aproxima o ponto final


Antropofagos da vontade

 

Menina que buscas aí
Meninos que queres com isso
Assim não se pode fazer
Você tem que prestar compromisso
Não corte o cabelo assim
Essa cor não cai bem em você
Seu corpo é um templo divino
Essa atitude é muito ruim
Por aqui não se usa tatoo
Brinco não é pra menino
Tantas regras
Velhas censuras
Tantas farpas
Muitas firulas
Ninguem quer ver você livre
Canibais de sua espontaneidade
Escolha entre ser um zumbi
Ou manter sua identidade

Contra a coisificação das mulheres









mas a favor da mulherização das coisas...rsrsrs

Quarta-feira inicio do fim







...da semana. Lets have fun!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Palavra abrasiva

A palavra mal colocada
Fere, quebra e magoa
Retira o brilho dos bons atos
Macula qualquer relação

A palavra mal colocada
Irrefletida ou deliberada
Desgasta, desbasta e desata
Abala qualquer coração

A palavra mal colocada
Corrói como ácido na pele
Exaspera os sentimentos
Aparta os amantes
Antipatiza os irmãos

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ossobuco

Quantas vezes é preciso dizer
Que isso não é pra morder
Lamber e chupar é gostoso
Mastigar o que faz é doer