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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dr. Márcio Thomaz Bastos: Uma reflexão sobre os corruptos e seus diabólicos advogados

Recentemente recebi um e.mail assinado por um pretenso advogado que exibia fervorosamente seu rancor, seu desprezo pelo trabalho do Dr. Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da justiça e emérito jurista e professor.

O motivo todo mundo já sabe: seu desserviço a sociedade ao advogar para Carlinhos Cachoeira.

Dificilmente um advogado seria autor das bobagens que li, mas a julgar pelas outras asneiras ditas por um Procurador em sua representação contra o dignissimo jurista, até dá para ficar na dúvida.

Um advogado consciente de sua posição como profissional não diria as asneiras que vi no e.mail por diversas razões que vão desde o respeito a ampla defesa e ao contraditório, passando pelos princípios constitucionais que asseguram o direito ao silêncio sobretudo naquilo que fizer prova contra si mesmo e asseguram que um sujeito somente será considerado culpado  após condenado por sentença com trânsito em julgado, chegando finalmente ao princípio de que o mister da Advocacia é um dos 03 pilares da Justiça em conjunto com o realizado pelo Ministério Público e pela Magistratura.

Mas mesmo para um leigo a carta aberta é tosca e mirim, atenta contra qualquer idéia de Estado de Direito e Democracia, além de incorrer em erros básicos de lógica.

Segundo a lógica do autor do e.mail deveríamos fazer o seguinte: cartas abertas aos nocivos advogados que defendem os indiscutivelmente perniciosos bancos que com seus juros exorbitantes destroem a possibilidade do país crescer de forma sustentável e que recebem de braços abertos o dinheiro dos corruptos e dos bandidos. Aliás os bancos são grandes financiadores desse bando de políticos sujos.

Cartas abertas às empreiteiras de obras públicas envolvidas em maracutais, bem como a todos os seus funcionários e advogados porque cada um, ainda que em níveis distintos, se beneficia da corrupção direta ou indiretamente na medida em que são remunerados com o dinheiro sujo e por seu labor, ainda que lícito e legítimo, mantém a estrutura da corrupção funcionando.

Cartas abertas aos advogados e dirigentes das indústrias do álcool e do tabaco que com suas drogas lícitas promovem mais mortes que qualquer guerra até hoje já promoveu e são defendidos e administrados pelos primeiros.

Cartas abertas a todo e qualquer comerciante que ganhe a vida vendendo esses produtos que vão gerar a desgraça alheia.

Cartas abertas a todos os que estão envolvidos direta ou indiretamente nas empresas que vendem agrotóxicos e que poluem as águas, o solo e o ar...

Cartas abertas aos advogados que defendem as Igrejas em geral, bem como ao seus fiéis, afinal a Igreja Universal do Reino de Deus, Bispos da Igreja Renascer em Cristo, Igreja Católica e seus representantes, por exemplo, com suas tantas denúncias de corrupção, de lavagem de dinheiro, de abuso contra fiéis e contra menores são verdadeiros parias sociais que merecem ser execrados juntamente com seus fiéis que fomentam e dão suporte a essa grande bandalheira.

Acima de tudo, vamos fazer cartas abertas aos médicos privados que atendem a esses bandidos e corruptos, porque aonde é que já se viu manter-se vivas pessoas dessa laia? Facilmente se poderia deixar de atendê-los sobretudo para deixar de receber seu dinheiro que é desonestamente ganho. Aliás nem médicos públicos poderiam atender nenhum desses pilantras porque estariam gastando dinheiro público com quem já está em poder de muito dinheiro público desviado ou desonestamente auferido.

Mais do que isso: cartas abertas a qualquer um que atenda esses pilantras! Comerciantes em geral, prestadores de serviços de qualquer natureza, locadores de imóveis, estacionamento, pilotos de seus jatos e helicópteros, detentores de suas contas de e.mail, seus professores e de seus filhos, nenhum de nós jamais poderia prestar serviços a alguém tão nocivo e corrupto que nos pagará com seu dinheiro sujo.

Não podemos esquecer de fazermos cartas abertas ao Poder Judiciário na pessoa dos magistrados e mnistros que absolvem todo esse povo das acusações que lhes pesam ou permitem que sigam em suas atividades lesivas porque encontram respaldo legal para tanto.

Fazemos não somente fazer cartas abertas a quem julga e interpreta as leis mas a quem as faz: nossos legisladores, esses mesmos políticos corrputos sobre os quais tanto tratamos e que deixam os espaços na legislação que os diabólicos advogados legitimamente usam em prol de seus clientes.

Finalmente: cartas abertas a qualquer um que atender aos dependentes de todo e qualquer pessoa acuada de pratica de alguma ilicitude, sobretudo dos corruptos (ativos e passivos) e dos bandidos!

Mulheres e filhos, pais e mães, nenhum ser que deles dependa e que, pela lógica, se beneficie desse dinheiro poderia ser atendido por advogados, médicos, corretores de saúde e de imóveis, padeiros, confeiteiros, empregados domésticos e por aí vai. Afinal, essas pessoas são solidárias e cúmplices com essa gente corrupta na medida em que se beneficiam do dinheiro sujo...

Lógica fácil de entender, não é mesmo? Para um país em que mesmo gente culta se faz de ignorante, em que mesmo quem não necessita é corrupto, em que pouca gente ou ninguém respeita as leis, fica fácil achar na figura do advogado um responsável pelo descaso da população com o próprio país. Se é para ferir direitos individuais e a democracia, por que então as pessoas não saem às ruas depredando os políticos corruptos ou tirando-lhes a vida como na Revolução Francesa? A resposta é porque  cada um de nós conhece alguém que sonega impostos; que dirige com habilitação vencida, suspensa ou cassada; que tem algum estabelecimento não regular; que exerce alguma atividade sem os alvarás respectivos; que paga propina a políticos, policiais ou fiscais; que constrói sem pagar INSS; que emprega sem respeitar as leis laborais; que tem TV a cabo sem pagar assinatura; que ultrapassa a velocidade permitida ou que passa farol vermelho ou que bebe e sai dirigindo ou que fala inverdades sobre a pessoa alheia e por aí vai….o resto do raciocínio eu nem preciso mais escrever.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Evite o infeliz e o azarado

É prazeiroso estar ao lado de pessoas bem humoradas, de bom astral e com quencaram a vida com coragem e realismo. Gente assim influencia nosso estado de espírito e, não raramente, nos contagia nos impulsonionado no sentido do sucesso e nos auxiliando a suplantar obstáculos.

Quando eu treinava para correr, notei que nas competições de corrida os corredores influenciavam uns aos outros de modo que ao estar próximo a uma pessoa veloz o corredor se sentia influenciado a correr mais também.

E se essas situações ocorrem positivamente é fácil imaginar que também ocorram no sentido oposto!

"A miséria alheia pode matar você – estados emocionais são tão contagiosos quanto as doenças. Você pode achar que está ajudando o homem que se afoga, mas só está precipitando o seu próprio desastre. Os infelizes às vezes provocam a própria infelicidade; vão provocar a sua também. Associe-se aos felizes e afortunados." (Greene, R. The 48 Laws of Power)
 
Todo mundo deve conhecer um tipo de gente que nos faz lembrar aquela simpática hiena dos desenhos infantis dos anos 70, a Hard Har Har.


Esse personagem foi criado, obviamente, pela inspiração desse tipo de pessoa pra baixo, sempre negativa, medrosa, insegura e infeliz para quem acontece toda sorte de desastres, ruínas e mazelas. Sempre reclamando da vida mesmo quando tudo está bem. E sempre, sobreturo, covarde.

É um tipo de personalidade contagiante no sentido negativo.

Se desconfiar que está na presença de uma pessoa assim, não discuta, não tente ajudar, não passe a pessoa adiante para seus amigos ou você cairá na teia. Apenas fuja ou atrairá as conseqüências das quais provavelmente você já deve ter provado. 

Diferentemente dos infelizes derrubados por revézes da vida, desses que fogem ao poder de controle e que podem merecer toda a nossa ajuda e simpatia, esse tipo de gente ao qual me refiro atrai a infelicidade e a desventura com seus atos destrutivos e o efeito perturbador que exercem sobre os outros. 

Quando nos deparamos com isso é comum nos esforçamos por tentar chamar esse tipo de gente de volta à vida, na vã esperança de que possamos ajudá-las a mudar seus padrões mas, infelizmente, o que é comum ocorrer é que os padrões mórbidos dessa turma de infelizes culminam por nos afetar.

E por que? Simples de explicar: os seres humanos são extremamente suscetíveis a humores, emoções e até maneiras de pensar daqueles com quem se relacionam.

Ocorre que esse tipo de gente é irremediavelmente infeliz e instável sendo seu costume se apresentar como vítima, o que torna difícil ver logo de início que é ela mesma a origem desse sofrimento e até que se perceba a verdadeira natureza dos seus problemas,  sujeito de bom coração que se envolve com ela já está contaminado, perturbado, influenciado e extenuado.

É esse o ponto que interessa tratar!

Há um aspecto do bem viver que deve ser compreendido: as pessoas com quem nos associamos e convivemos são importantíssimas para nosso êxito ou nosso fracasso para as coisas da vida. 

Quando nos associamos a contaminadores e sanguessugas desperdiçamos tempo e energia preciosos com os problemas insolúveis destes e mais tempo e energia para se livrar dos efeitos nocivos que eles nos causam. E, pior, uma vez que as pessoas associam nossa imagem aos daqueles com quem nos relacionamos fica fácil imaginar que aquele que se vincula ao sofredor também será um aos olhos dos outros que, por seu turno, tendem a se afastar de nós.

As pessoas contagiantes nem sempre são facilmente reconhecíveis. Mas existem fatores que facilitam a identificação.
Gente desse tipo tem um padrão de comportamento que lhe traz reincidentes situações de infelicidade : ou que fazem recair sobre si ou sobre os demais com quem se relaciona.
São, em geral, portadoras de histórias de um passado turbulento (próximo ou distante), pela extensa fileira de relacionamentos rompidos, por suas carreiras instáveis e pela própria força de uma personalidade que se apodera de nós e nos faz perder o juízo.
Esteja alerta a estes sinais do contaminador; aprenda a olhar o descontente no olho. E, o mais importante, não tenha dó porque esse tipo de infeliz não vai mudar mas vai atrapalhar você e roubar parte de seu precioso tempo.

Regra igual serve quando for se apaixonar por alguém!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Desacato à autoridade, Crime contra a honra ou um absurdo sem fim?


É de se imaginar que um juiz de direito saiba sobre "DIREITO" e não fale algum absurdo relacionado a sua profissão. Aliás, isso é de se esprar de qualquer outro profissional de qualquer outra atividade.

Mas errar e ser corrigido não poderia ser, de forma alguma, um problema.

Se um advogado diz que um determinado instituto jurídico não existe ou se ele milita contra conhecimentos básicos de sua profissão é comum ouvir de juízes e promotores que esse advogado deva voltar a estudar.

E se não é desrespeitoso dizer isso para um advogado, por que o inverso o seria?

Considero que de um lado ou de outro, dizer isso de modo nu e cru é deselegante. Mas virou rotina ver deselegâncias e desrespeitos nos tribunais promovidos por autoridades e representantes do Estado contra as partes e seus defensores. Logo, se não se é tão crítico contra estes porque ser crítico contra os advogados?

Claro que, ademais, não é crime ser deselegante, sobremaneira quando o erro corrigido for manifesto e a observação for pertinente.

Menos ainda se o advogado agiu no exercício de sua atividade profissional. Afinal assim preceitua a lei: "O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer."

Me refiro ao que vem sendo ventilado quanto a um caso recente ocorrido em São Paulo: uma juíza presidente de um tribunal de juri negou a uma advogada a oportunidade de reinquirir uma testemunha e essa advogada asseverou que seu pedido atendia a um princípio jurídico conhecido, qual seja: o da "verdade real".

Há quem discuta esse princípio, há quem defenda a existência dele ou a extirpação do mesmo do rol de princípios jurídicos. Mas que ele é objeto de estudo acadêmico e recebe exatamente essa designação, isso é incontroverso. O Santo Google que o diga...

O que ocorreu, segundo consta, é que a juíza em questão seguiu negando o direito da parte sob a afirmação de que esse princípio jurídico invocado (o da busca pela verdade real) pela nobre patrona do réu não existe ou se existe não recebe esse nome jurídico!

Como é que é????

Ouvir isso de uma juiza presidente de um plenário de juri causa espanto... 

Se dizer isso não é demonstrar ignorância eu já não saberia mais o que é. 

Vai um advogado qualquer falar uma bobagem dessas para ver se não será vítima de chacota ali mesmo na frente de seu cliente? Aliás, não são muitos os juízes e promotores que deixariam de dizer para esse advogado que ele deveria voltar a estudar. Há até os que não perderiam a chance de oficiar à OAB para ver esse "ignorante" longe das raias dos tribunais.

Pois bem, a douta julgadora sentiu-se ofendida em sua honra quanto à forma como a advogada a corrigiu. A doutora promotora acredita ter havido desacato à autoridade. E agora faz-se um lindo circo ao redor do ocorrido.

Ocorre que esses profissionais deveriam deixar sua vaidade de lado e parar de procurar chifre em cabeça de cavalo porque a polícia e o Poder Judiciário têm coisas de fato importantes para cuidar ao invés de perder tempo e dinheiro com vaidades feridas.

Afinal, crime algum se cometeu.

Não bastasse a imunidade constitucional e infraconstitucional acima referida, há ainda exceção clara  na lei quanto à injúria praticada por advogado no exercício de sua profissão, o Código Penal assim prevê:
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
...
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.

E não é diferente com o desacato à autoridade (art. 331, do Código Penal).

Só constitui crime de desacato quando materializada a ofensa, a agressão e o desprestigio a funcionário público (como o são todos os juízes) sempre atendido ao princípio legal e constitucional de que o advogado tem imunidade profissional para os atos de seu ofício.

Agora vejamos: mesmo que o advogado não estivesse protegido por sua imunidade aplicável a ambos os tipos penais, estaria ele a cometer alguma ofensa, algum desprestígio ou algo assim quando indica o estudo como fonte de informação a alguém que demonstra clara e indiscutível ignorância sobre algo? Oras, não é assim que nos instruímos sobre qualquer coisa? Estudando?

quarta-feira, 14 de março de 2012

Valores conturbados

"A unanimidade é burra", disse Nelson Rodrigues.


Dia desses eu assisti perplexo ao circo que se formou ao redor do crime ocorrido em Santo André, no qual um garoto, sem antecedentes criminais, foi acusado de fazer sua namorada e amiga de reféns por dias e, diante da total inépcia da polícia, acabar por matar a menina e ferir sua amiga. Me refiro ao caso de Lindemberg Alves, cuja condenação foi de 98 anos de reclusão.

Sem entrar no mérito da questão e sem mitigar o mal que esse rapaz propagou, é fato que estamos diante de um crime passional que jamais teria se concretizado caso a polícia tivesse o mínimo de perícia na condução da questão, agido concreta e eficazmente como se vê em outros países desenvolvidos.

Foi um crime que merecia resposta ao grupo social e à família sem perder de vistas que se o intento do acusado era mesmo o de matar ele o teria feito muito antes e, quem sabe, longe dos olhos de testemunhas, como o fazem os homicidas em crimes premeditados.

Não obstante, os meios de comunicação transmitiram à exaustão todo o julgamento do rapaz. As ruas e o fórum de Santo André ficaram totalmente lotados de gente que não tinha o que fazer, supostamente comovidos pela questão e que lutavam por sangue.

A unanimidade queria o linchamento moral do motoboy e de sua advogada...e a obteve com uma sentença indiscutivelmente desproporcional.

Dias depois ocorreu quase em silêncio o julgamento de outro crime! Comoção? Nenhuma. Rigor, nenhum. Ampla cobertura dos meios de comunicação? Zero.

Ademir Oliveira Rosário, conhecido como Maníaco da Cantareira, foi condenado nesta última terça-feira a 57 anos de prisão por homicídios qualificados e estupros contra os irmãos Francisco e Josenildo José de Olveira, respectivamente 14 e 13 anos de idade, assassinados a facadas em setembro de 2007, na Serra da Cantareira, em São Paulo

As vítimas desapareceram em setembro de 2007, na Serra da Cantareira, na capital paulista, após avisarem a mãe que iriam colher frutas em uma chácara na região. Os corpos foram encontrados três dias depois, a uma distância de 100 m um do outro. Os meninos estavam nus e tinham marcas de perfurações provocadas por objeto cortante.

A polícia localizou os corpos após três garotos denunciarem que, no mesmo dia do desaparecimento dos irmãos, um homem que fingiu estar armado ordenou que o trio o acompanhasse na mata. Os meninos disseram que o homem tentou amarrá-los em árvores, mas conseguiram fugir quando perceberam que ele não portava arma.

Um dia depois, um suspeito foi preso. Ademir Oliveira Rosário, então com 36 anos, era morador da região e cumpria pena em regime semiaberto por homicídio e atentado violento ao pudor. Ele teve permissão para deixar o presídio na sexta-feira, véspera do crime, e voltar na segunda-feira - e o fez. 

Na época, a polícia informou que ele confessou os homicídios.

Estamos nitidamente diante de uma sociedade doente, desproporcionalmente vingativa e cega, na qual a opinião pública relega um crime bárbaro e cruel e se apega a outro passional. Na qual um sujeito reincidente em práticas contra a vida e contra a moral ataca deliberadamente contra a vida e contra a sexualidade de dois adolescentes e recebe menos pena do que outro que agiu sob o efeito de seu desequilibrio emocional. Devemos rever nossos conceitos urgentemente porque estamos num país em que os valores estão de cabeça para baixo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Homo homini lupus

O homem é o lobo do homem, esta é uma frase de autoria de Tito Mácio Plauto, dramaturgo romano, que viveu entre 230 a.c. e 180 a.c., popularizada pelo filósofo inglês Thomas Hobes e que vem sendo trazida ao longo dos tempos de modo a explanar a tendência humana de fazer do seu par uma presa, uma vítima de seus caprichos ou necessidades.

Desde os mais remotos tempos da história humana é possível observar notícias de seres humanos coisificando outros seres vivos ao seu redor: desde animais não humanos até outros humanos.

Algumas culturas tinham mais respeito pelos animais não humanos quando deles se utilizariam  para saciar suas necessidades. 

Indigenas, por exemplo, oravam pelo animal morto e agradeciam a alma deles por se sacrificarem para sua alimentação e vestimenta. Hindus tratam vacas como seres religiosos e intocáveis. Platão acreditava que era possível a reencarnação do homem em animais não humanos, como o cachorro, e recomendava certo respeito para com eles.

Outras culturas, porém, não tinham qualquer pudor em escancarar seu ideal de que os animais não humanos, assim como toda a natureza foi criada para estar a serviço do ser humano, como, por exemplo se pode ver do livro gênesis, na Biblia.

Contemporaneamente é possível observar diversos movimentos defensores de direitos dos animais: de pessoas que pregam contra o consumo de carne a pessoas contrárias a tradições (tourada e rodeio, por exemplo); de pessoas contrárias a casacos de pele usados na industria da moda a gente militando contra o uso de animais para entretenimento (em circo e etc...); desde pessoas contrárias ao uso de cobaias até aquelas contrárias a toda e qualquer forma da intervenção cirurgica em animais para fins estéticos ou de trabalho; desde os contrários à caça até os que dão suas vidas para preservar o habitat de animais selvagens.

Filósofos como Peter Singer e Schopenhauer ergueram suas vozes contra modo cruel como seres humanos tratam os animais em geral.
Recentemente, inclusive, os EUA se viu a volta de um julgamento numa ação que pretendia ver reconhecido que o SEA WORLD explora "trabalho escravo" das orcas e demais animais que ali vivem.

O fato é que todo e qualquer animal que nos sirva nas mais simples ou sublimes atividades estão ali como objetos e em nítido "trabalho escravo": seja seu peixinho de aquário; seja se gato de estimação; sejam os cães de companhia, de guarda, salva-vidas, farejadores e guias; sejam seus cavalos de passeio ou mesmo a vaquinha de leite; qualquer um está ali contra a própria vontade, cativo do homem e a serviço deste.

Aliás, o trabalho escravo anda junto com a humanidade desde tempos longínquos.

Escravos humanos, nossos pares, eram tratados como escravos para a prática de diversas atividades e em vários momentos da história.

Fazia-se escravos a partir do não pagamento de dívidas (v.g.: Grécia e Roma), a partir de prisioneiros de guerra ou pela simples ocupação das terras alheias (como se deu nas Américas, na Africa e na Oceania).

Havia escravos para todo o tipo de coisas: para o lido com o trabalho pesado (em Roma e na Grécia o cidadão livre, bem nascido, não podia perder tempo com o labor mas com artes, política, filosofia e atividades físicas); para auxílio em tarefas domésticas; para a diversão; para o sexo e para o sacrifício em arenas e lutas.

E a prática da escravidão persiste mesmo nos dias de hoje.

Desde abusos com força de trabalho escrava como aquelas que se tem notícia no México, Brasil e China, quanto outras formas mais sútis de escravidão.

Todos nós somos, de algum modo, escravos: de um temor, de uma paixão, de um ímpeto, de um vício, não conheço um sujeito plenamente livre.

E nos entregamos espontaneamente a essa forma de escravidão.

Agora a mais comum é a escravidão indireta, que vejo presente em nosso país: pessoas presas a necessidades básicas (comer, vestir, habitar...) que para serem satisfeitas tomam-lhe uma vida de trabalho penoso. 12 a 18 horas de trabalho diário. Alguma vezes sem descanso. Tudo para ganhar uma remuneração que mal lhe basta para saciar tais necessidades.

Se antes a alimentação, a vestimenta e a saúde dos escravos interessava ao seu Senhor, hoje os Senhores nem precisam mais se preocupar com isso: basta pagar um salário de fome e cada um com seus problemas.

Se antes os homens eram acusados de coisificar as mulheres, hoje elas mesmas se coisificam sem pudor. Até a prsotituição que, não raramente, tinha em suas protagonistas história de coerção familiar ou social, hoje é procurada por gente bem nascida atraída pelos altos ganhos.

Diversamente do que ocorria no passado, hoje as pessoas se entregam à exploração por vontade própria e quando fazem isso por necessidade se vê um resultado ainda mais nocivo e mais cruel do que no passado: afinal, escravo era patrimônio, era adquirido no comércio como outro bem qualquer e, precisamente por isso, tinha valor financeiro que não podia ser desprezado o que, de modo algum, ocorre hoje, época em que as pessoas já não têm mais valor.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Convicções revistas

Nada pode viajar mais rápido do que a luz. Eis aí uma cláusula pétrea da física moderna.
Nada pode viajar mais rápido do que a luz. Eis aí um dos postulados de Einstein.
Mas este ano parece que essa crença científica ruiu...
Neutrinos são partículas subatômicas (como o elétron e o próton), sem carga elétrica (como o nêutron), muito pequenas e ainda pouco conhecidas. São gerados em grandes eventos cósmicos, como a explosão de supernovas, em reações nucleares no interior do Sol e também por aceleradores de partículas.
Acreditava-se que essa partícula viajasse à velocidade da luz mas experimentos cientícios mostraram que elas podem viajar mais rapidamente que a luz.
A descoberta está deixando os cientistas perplexos e confusos.
Se antes acreditava-se que seria impossível viajar no tempo, sobretudo voltando ao passado, porque para tanto seria preciso poder viajar mais rápido que a luz e nada era mais rápido do que a luz, hoje a comunidade científica está começando a repensar seus dogmas.
Agora, se até a teoria da relatividade de Einstein está sendo revista, se tanta crença científica pode estar prestes a ser descartada, p;orque nós, seres humanos comuns, não podemos rever nossas convicções pessoais?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Deus é elitista?

Dizem por aí que dinheiro não traz felicidade. Talvez não fosse bem assim que pensassem os norteamericanos que cunharam no dolar aquela velha  frase: "In God We Trust".

Dizia minha avó que pouco com deus é muito e muito sem deus é nada. Mas curiosamente, quanto mais rico é um país, mais ateus ele tem e menos religiosas são as pessoas.

Alista dos países em que há menos influência religiosa e mais ateus entre os cidadãos era, em 2009, a seguinte:
  1. Suécia
  2. Vietnã
  3. Dinamarca
  4. Noruega
  5. Japão
  6. República Tcheca
  7. Finlândia
  8. França
  9. Coréia do Sul
  10. Estônia

À exceção do Vietnã, os demais países da lista têm algo em comum: são ricos!

Agora, segundo a revista FORBES, uma pesquisa divulgou números que parecem corresponder a essa idéia de que felicidade e riqueza andam juntos.

De 110 países observados os primeiros 10 do ranking nos quais a felicidade parece estar ululando pelas ruas, ou seja, aqueles 10 países em que se afirma haver um maior nível de felicidade entre os cidadãos são, justamente, os mais ricos do planeta.

No sentido inverso, os últimos 10 (ou seja, os 10 mais infelizes) são, rigorosamente, aqueles assolados pela pobreza.

E os 10 primeiros foram:
1) Noruega
2) Dinamarca
3) Austrália
4) Nova Zelândia
5) Suécia
6) Canadá
7) Finlândia
8 ) Suíça
9) Holanda
10) Estados Unidos

 Conclui-se que: 
a) ou essa conjunção entre felicidade e riqueza é mera coincidência;
b) ou a felicidade é seletiva e prefere os mais ricos;
c) ou deus é igual político brasileiro: elitista ajudando seus mais íntimos e mantendo o povo na merda para arrecadar mais votos (orações);
d) ou aquele velho ditado sobre dinheiro x felicidade é pura balela.

Temos que nos concientizar de que riqueza é importante, dinheiro é imprescindível e um país realmente justo, provedor de igualdade de condições para desenvolvimento do potencial geral, provedor de estudo para todos, de cuidados de saúde para todos, de segurança para todos e de justiça para todos é, sem dúvida, um ótimo substituto à ficção da divindade e da promessa de uma vida feliz no reino dos céus porque, de fato, a felicidade é para ser sentida agora e não num amanhão que por certo não haverá.

E isso é política, não religião, que irá promover.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Delinquentes mimados

São apenas delinquentes mimados

Gilberto Dimenstein
Gilberto Dimenstein
Hoje eu ouvia a BandNews FM São Paulo quando o âncora do jornal matutino, Ricardo Boechat, saiu em defesa dos baderneiros que se instalaram na reitoria da USP em Sampa. 

Embora tenha ele lembrado sutilmente dos excessos cometidos pelos estudantes detidos, afirmou ele que quando jovem fez as mesmas coisas e que isso é coisa da idade, sugerindo que as bandeiras dos anos 60 e 70, embora diferentes daquelas hasteadas pelos moleques, não eram mais ou menos valorosas.

Discordo! O que se vê hoje é pura baderna. O que se vê hoje são jovens sem sentido de cidadania, civilidade e respeito. Nem mesmo sabem o que é democracia à qual fazem referência.

São delinquentes e assim merecem ser tratados.

E já que eu fiz referência a um jornalista com o qual nãoi conocordo. Farei referência ao texto de outro que é mais sensato.

"O que estamos vendo na USP não tem nada de político ou ideológico. É apenas delinquência. Não existe nenhuma causa. Não representa nem remotamente aquela comunidade universitária.

Aquele grupo que invadiu a reitoria imagina-se acima da lei e o ataque físico que fizeram contra os jornalistas apenas reforça a visão de que ali não há valores democráticos. Não respeitaram nem mesmo uma decisão da própria assembleia dos estudantes.

O que incomoda no caso da PM do campus não é a questão da autonomia universitária - como se um posto policial ferisse a autonomia universitária - mas a vontade de que, naquele espaço, não tenha ordem.

São como adolescentes mimados que querem fazer o que bem entendem sem limites.

Autonomia universitária é uma coisa. O que eles fazem com o dinheiro do contribuinte, danificando uma propriedade pública, é outra"

Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

USP x Polícia x Maconha

Eu creio piamente que o ESTADO DE DIREITO, num país democrático e civilizado, é o maior bem que uma comunidade pode dispor.

Se podemos livremente escolher nossa religião, se podemos livremente fazer manifestações, se podemos livremente exercer nossos pensamentos é porque não vivemos sob o jugo de uma ditadura.

Posso livremente falar sobre drogas, preconceito e política. Posso livremente me manifestar sobre tais pontos. Posso promover passeatas, protestos e até paralizações por conta desse tal ESTADO DE DIREITO.
Mas para cada direito está co-relacionado um dever. Para cada direito há uma contrapartida de obrigação social. E abuso de direito deve ser repudiado veeementemente sob pena de subverter-se a função sociald e cada direito outorgado.

Aqueles estudantes da USP que estão invadindo e depredando dependências físicas da universidade não podem exigir respeito porque, simplesmente, não sabem o que é respeitar.

De um lado, pela ausência da polícia nas ruas da universidade, criminosos tomam conta e não só roubam: matam e estupram!

Essa ausência se deve a uma exigência de alunos e professores que não querem a mão militar a lhes tolher direitos mas, mesmo assim, permitiu-se a presença da PM porque a insegurança, o medo e a lesão ao patrimônio e a vida dos alunos e funcionários não poderiam continuar ao "deus dará".

Cumpre perguntar: Afinal, que direitos esses alunos temiam ver tolhidos pela presença da PM?O de fumar maconha? Desde quando fumar maconha virou um direito? Será que a lei mudou e não estou sabendo? E se ainda assim fosse um direito, seria esse direito superior ao da vida em si mesma?

Noutras palavras: preferem ver o direito à vida tolhido por bandidos a perderem o "direito"de fumar um "baseado" a céu aberto....isso sim é que é respeito à vida humana, não?

Ao invadirem as dependências da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) esses alunos (com a covarde postura que lhes é peculiar) cobriram suas caras com panos. Assumiram a mesma postura dos bandidos em rebeliões.

Não têm dignidade esses merdas. Não estão lutando por algo justo. Envergonham os antigos militantes e intelectuais que lhes garantiram o direito do qual abusam nos dias de hoje: antigamente as pessoas não somente mostravam suas caras nas lutas contra o Estado mas, acima de tudo, arriscavam suas vidas para proteção de um bem maior que era a liberdade e o progresso.

E mais: colocaram blocos de concreto na rua em frente para impedir o fluxo de carros, sem ligar para o direito de ir e vir dos outros...

Faixas de pano e cartazes diziam: “Fora Rodas, Fora PM,” “Datena bandido”, “PMídia” e “Os policias não são trabalhadores, são os braços armados dos exploradores”.

Esse é o tipo de gente que compõe nossa futura classe de intelctuais: um bando de inconsequentes.

Afinal, que direito têm os baderneiros que lá estão de invadir as dependências da universidade mesmo após decisão assemblear majoritária em sentido contrário? Um grupo que não respeita a lei, que não respeita decisões majoritárias é extremista e com extremistas não se pode ter diálogo.

Exatamente por isso a PM deveria ser acionada: para garantir os direitos dos que têm direitos, ou seja, dos que querem trabalhar e estudar em paz.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Alcool: droga lícita mas fatal!

Há tempos eu discuto com amigos sobre a ignorância da sociedade quanto às drogas.

É justamente essa ignorância que leva a uma diabólica incoerência: socialmente não toleramos e até punimos quem faz uso de substâncias menos perigosas mas aceitamos e até estimulamos o uso de outras extremamente nocivas e não raramente fatais.

O mundo conheceu a ascensão e queda de uma diva da música britânica: Amy Winehouse.

Ela era uma dependente química declarada e sua relação com os narcóticos ajudou a turbinar sua carreira: em suas músicas do último album o tema central era justamente esse.
A moça tinha 27 anos quando morreu e usava drogas desde a puberdade. Usou de tudo: maconha, cocaína, crack, heroína, LSD e....ALCOOL!

Quando a diva morreu todo o mundo estava certo de que a fato foi causado por abuso de drogas, mas seus familiares e namorado esclareceram que ela "estava longe das drogas" há dois ou três anos.
 
Estava limpa!
Então, a jovem talentosa morreu de que?
 
Ontem a necrópsia esclareceu que ela sofreu uma "morte acidental" após consumir uma quantidade de álcool mais de cinco vezes superior à taxa permitida para dirigir na Inglaterra.

Segundo o site do canal "E!", um policial que foi chamado ao apartamento de Amy no dia da morte da cantora, em 23 de julho, teria encontrado em seu quarto três garrafas vazias de vodca (duas grandes e uma pequena).

Curiosamente, os exames toxicológicos complementares realizados em agosto revelaram a presença de álcool, "mas não de drogas", segundo foi divulgado!

Agora, eu pergunto: e alcool não é droga?

É justamente esse o erro que a sociedade comete frequentemente, o de não encarar alcool como droga. Os familiares da Amy disseram que ela estava afastada das drogas mas consumia alcool e foi justamente ele que matou a moça.

Isso é importante que se saiba, que se entenda, que se foque: vamos continuar numa campanha cega contra diversas drogas menos nocivas mas vamos deixar o alcool rolando solto por aí, como se fosse algo inócuo, enquanto ele continua a ceifar vidas e mais vidas?

Acho que o assunto merece uma reflexão.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Vivendo pela espada

"Qui ex gladio vivit, is gladio peribit.", ou seimplesmente, "quem vive pela espada, pela espada morrerá".

Após 42 anos de ditadura Kadafi foi deposto e morto.

Nunca fui a Libia. Ao que consta é um país atrasado e pobre, o que não o impedia de viver na bonança. Lá, como cá, a pobreza alimenta o conforto de políticos miseráveis, não comprometidos com a coletividade e com o povo que governam.

E o falecido ditador, como muitos outros, parece não ter aprendido uma lição antiga que Lao Tsé bem expôs em sua obra "O Tao Te Ching":


Não valorizando os tesouros, mantém-se o povo alheio à disputa
Não enobrecendo a matéria de difícil aquisição, mentem-se o povo alheio à cobiça
Não admirando o que é desejável, mantém-se o coração alheio à desordem

É triste ver como um homem viveu sua vida vilipendiando a vida alheia e culminou com uma morte tão grotesca, tão indigna, tão....à sua própria moda: vilipendiada.

Mas o mais interessante é saber que o cidadão em questão sempre foi bem recebido pelos líderes mundiais que parecem nunca ter ligado muito para o que ele fazia em seu país.

E é uma pena que por aqui não façamos com nossos políticos o mesmo que fizeram com ele.



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Steve Jobs, o Budismo e a Morte

Hoje recebi o banner acima e resolvi fazer uma reflexão sobre o pensamento que ele estampa e que é atribuído ao falecido Steve Jobs. Podia ser obra de tantos filósofos existencialistas ou de filósofos hedonistas como poderia ser atribuído a satanistas ou budistas. Se todo mundo pensasse desse modo simplista penso que ninguém chegaria a lugar algum ou o mundo estaria um caos. Afinal, "tudo" cai diante da excepctativa da morte e "nada" é igual para todos além do ponto final dado por ela às nossas vidas. Prioridades, necessidades e importâncias são diferentes de pessoa para pessoa. Note-se que os dois centros de atenção desse pensamento são as expressões "importante" e "seguir o seu coração". Por elas podemos levar o mundo ao caos ou, ao contrário, a lugar algum. Ao caos, se cada qual resolver fazer apenas o que lhe interessar e o que lhe der no "coração". Ficariam assim devidamente justificados os roubos, justiça com as próprias mãos, massacres e toda sorte de opressão. Afinal, se vou morrer amanhã e nada mais me interessa porque minha vida vai mesmo acabar, por esse raciocínio o importante é fazer tudo o quanto melhor me aprouver agora, sem medo de errar e sem medo de cumprir com as expectativas dos outros, fazer apenas aquilo que eu julgar importante agora para mim ou segundo - apenas - minhas convicções. Por outro lado, o lugar nenhum, ou seja, a inação, adviria da simples constatação de coisa alguma é importante diante da morte, tudo se esvai e nada prospera. Todo apego é vão porque tudo é finito e passageiro. Assim sendo, nenhum esforço vale à pena, nenhuma luta se justifica e nem mesmo o vão caminho apontado pelo meu coração tem sentido diante da morte. Se algum mérito tem a divulgação desse pensamento (aparentemente advindo de um empresário tido como gênio) é o de estampar que assim pensam os opressores: sem ética senão a sua própria.






segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Rafinha Bastos x Hipocrisia

Parece que hoje o Rafinha Bastos foi afastado do CQC. 

Mereceu!

Sob o manto da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e de que estão exercendo sua veia cômica, humorista, os "âncoras" do programa em questão destilam toda sorte de impropérios escatológicos em rede nacional.

Eles não passam de um "PÂNICO NA TV" com uma roupagem pretensamente mais politizada (mas que de politização não tem nada).

Para mim, não têm graça nenhuma! Mas tem gente que vê graça na língua solta e nas baixarias ofensivas propagadas no CQC. 

De vez em quando algum deles leva uma cusparada na cara ou é ofendido verbalmente: merecem!

E o Rafinha me parece que é o mais ousado do grupo. Não tem vergonha ou medo de falar o que lhe venha à mente: afinal, como ele já disse, humor não pode ter limites...

Imaginando-se intocável e acreditando na ausência de limites, talvez pela popularidade que tem no "twiter", ele faz "piadas" de gosto duvidoso, daquele tipo meio baixaria e que geralmente os homens fazem quando estão em grupo, num estádio de futebol ou bebendo em bares e botecos. Só falta escarrar e cuspir no chão, coçar o saco em frente ao público e palitar os dentes após a refeição enquanto é filmado.

O Rafinha tem sacadas e piadas impróprias, na minha opinião, para serem veículadas em rádio ou TV.

Cito exemplos:

“Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra c...”
Trecho de piada de Rafinha durante seu show de stand-up comedy

“É octógono, cadela! Põe esse nariz no lugar.”
Comentário no CQC sobre a dificuldade da apresentadora Daniela Albuquerque, da RedeTV!, em pronunciar a palavra "octógono"

“Aí, órfãos! Dia triste hoje, hein?”
Post publicado em seu perfil no Twitter no Dia das Mães deste ano
“Já c... muito a mãe dele.”
Frase dita durante um quadro do "CQC" sobre a mãe do repórter Felipe Andreoli

Alguém pode me chamar de hipócrita: afinal se eu mesmo admito que esse tipo de "baixaria" é comum em nosso dia a dia, embora destilada por gente desconhecida, porque censurar aquele que o faz em rede nacional?

Penso que o motivo é bem simples: a finalidade social e educativa da TV e dos demais meios de comunicação! 

Mas hipócrita mesmo é o afastamento dele pela piada - de fato de mal gosto - que fez com a Wanessa Camargo.

Ao referir-se a ela, de modo grosseiro, por estar grávida e, ainda assim, "interessante"(leia-se, gostosa), o mané do CQC afirmou algo do tipo: "Eu comeria ela e o bebê."

Agora, são toleráveis os insultos que ele profere contra outras pessoas mas não é tolerável o insulto à Wanessa???? Como assim????? Por que não afastaram antes???

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

José Ortega y Gasset

Certa vez li que a letra da música ALEGRIA, ALEGRIA foi composta por Caetano Veloso muito tempo antes de ser unida aos arranjos respectivos.

A letra, com cerca de 45 anos, faz alusão às pessoas alienadas daquela época, gente preocupada com as notícias das estrelas de cinema, como Brigite Bardot e Claudia Cardinale, enquanto o mundo ardia em guerra. 

Sugere a Coca-Cola como símbolo da alienação e da colonização norteamericana.

Mulheres alheias às conquistas espaciais e mais preocupadas com o casamento que seus respectivos namorados.

Pessoas "superficiais" sem vontade de ler livros ou jornais e pouco preocupadas com as notícias do mundo, fossem elas quais fossem, enquanto sonhavam no estrelato propiciado por "cantar na televisão"

Não é tudo isso que ainda vemos hoje? 

Sei lá, repentinamente lembrei da obra de José Ortega y Gasset que escreveu um texto interressante sobre a decrepitude social cujo link segue: "A Rebelião das Massas".

Segue aí a letra e o vídeo. Música ótima, adoro!



ALEGRIA, ALEGRIA

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou...

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou...
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot...
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou...
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não...
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou...
Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou...
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou...
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Quando o assunto é violência doméstica, ninguém quer ouvir a verdade

por Barbara Kay, do National Post (artigo publicado em 27 de fevereiro de 2008)

Em um mundo justo, a britânica Erin Prizzey, que fundou o primeiro abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica em 1971, seria uma especialista respeitada quando o assunto é violência doméstica. Mas no mundo real, infelizmente, só o nome Prizzey causa nojo por sua heresias politicamente incorretas.
O crime dela? Sendo uma humanista, ela desafiou o dogma das feministas radicais que colonizaram seus abrigos e  praticamente a expulsaram a ponta pés. O mantra ideológico destas feministas, ainda muito vivo, impõe que somente os homens são os culpados em casos de violência doméstica, enquanto mulheres são meras vítimas indefesas que podem até reagir, mas apenas em defesa própria. Mas Prizzey sabia, tanto por experiência própria (seus pais que faziam parte da alta sociedade eram mutualmente agressivos, com a mãe de Erin chegando a agredi-la) quanto pelos relatos que as mulheres que ela abrigava contava, a grande maioria dos casos de violência doméstica são recíprocos.
Colocar as mulheres como uma das responsáveis pela violência doméstica deixaram as feministas tão furiosas que fez com que Prizzey tivesse seu cachorro morto e que ameaças de morte fossem enviadas a todos os seus parentes. Mesmo assim, ela continuou sua cruzada pelos Estados Unidos para mostrar que a violência doméstica é um problema dos dois gêneros, publicando um grande número de livros e artigos sobre o tema.
Extremamente emblemática, a história de Erin Prizzey é um dos maiores exemplos da hostilidade que as pessoas que vão contra o senso comum imposto pelas feministas podem sofrer.
Outra coisa impressionante, o professor de psicologia da Univerisade de Columbia Don Dutton, é conhecido por seus pares como um especialista em violência doméstica. Ele provou, com mais e mais fatos – com sua obra mais recente sobre o assunto sendo o livro “Rethinking Domestic Violence” de 2006 – que a tendência de praticar violência contra o parceiro é bilateral e está ligado com disfunções individuais: homens e mulheres com alguma desordem de personalidade e/ou histórico de violência familiar tem chances iguais de praticarem violência, ou de procurar por parceiros violentos.
Mas toda a bagagem intelectual e os 25 anos de pesquisas neste assunto que Dutton possuí não foram suficientes para convencer os políticos que criam as leis de violência doméstica, nem sequer um deles pediu algum conselho.
Ao contrário, pseudo-ciências que absolvem mulheres com impulsos violentos, que são feitas por demanda de grupos de interesse que fazem parte do mesmo grupelho ideológico feminista, são usados para treinar a polícia, influenciar as decisões de julgamentos e ditam como assistentes sociais e empregados de abrigos para mulheres devem agir.
A mídia preguiçosa e politicamente correta espalha com afinco bobagens feitas por palpiteiros sem a mínima formação, que entopem a população com dados tendenciosos e não conectados à realidade.
Ah, os abrigos femininos! A residente do sul de Ontário Mariel Davison nos oferece uma história incrível quando uma boa ação imparcial colide com o pensamento dominante dos abrigos femininos.
Davison tem formação em psicologia. Alguns anos trás, ela se considerava uma “feminista que lutava pelos direitos iguais”, e se voluntariou para ajudar em um abrigo feminino local. Durante oito semanas de “treinamento”, Davison teve que aturar infindáveis sessões de discursos misândricos e pseudo-ciência. Isto, e a grande incongruência da “mulher sempre ser vítima” sendo que lésbicas também procuravam o abrigo – a violência doméstica entre lésbicas é um tabu entre as funcionárias do abrigo – levam a certas perguntas.
Davison pensou que sua excelente formação seria de grande ajuda, mas pelo contrário, ela era ignorada por suas colegas: “me era dito que eu tinha conhecimento demais para ser voluntária do abrigo.”
Incrédula, Davison obstinadamente questionava os supervisores do abrigo e até mesmo seus financiadores, demandando uma revisão na literatura que instruia as funcionárias, mas era simplesmente ignorada. Nada surtiu efeito.
E nada parece que vai melhorar, pelo menos se a tendência se mantiver, já que a indústria da violência doméstica é um grupinho fechado, desde os cursos de Estudos Femininos (não queria achar algum estudo feito por Prizzey ou Dutton, ou algo relacionado aos homens, porque não será encontrado nada), para abrigos femininos, o estatus da mulher, o Conselho Judicial Nacional e até a Suprema Corte do Canadá. Todos eles seguem a mesma cartilha ideológica.
Erin Prizzey e Don Dutton foram ambos palestrantes numa conferência em Sacramento, Califórnia, que foi patrocinada por um grupo independete, o Centro Nacional de Recursos da legislação sobre a violência familiar (seu lema: “Advogando por políticas baseadas em ideais não discriminatórios e em evidências”).
Prizzey afirmou para sua audiência que, quando o assunto é política de gêneros, “o Canadá é o país mais assutador do planeta”. Assutador para os homens que sofrem com a injustiça, certamente, mas não para os outros canadenses que ainda não cairam nas garras deste sistema, que ainda se mantém indiferentes a misandria dominante nas instituições que definem e moldam nossa cultura.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fazendo a diferença

Quem não se pergunta: passei por esse mundo incólume mas fiz alguma diferença na vida de alguém?

Acho que isso tem a ver com a busca de um sentido na atividade de viver ou com o desejo vaidoso de deixar um legado, um pedaço de si no mundo de forma a perpetuar a própria existência e torná-la eterna. Algo talvez relacionado ao medo de que a morte ponha um ponto final em tudo o que se fez e se acreditou ao longo da existência.

Freudiano, não! Tá me parecendo que a explicação talvez achemos nas obras de Sartre. Nunca tive paciência de ler "O SER E O NADA", sua obra existencialista sobre essa angústia humana.

O fato é que ainda que algumas pessoas possam ter consciência e certeza íntima de que fizeram diferença na vida dos outros, o reconhecimento por parte desses últimos é como um prêmio.

Talvez por isso tanta gente queira ter um filho, afinal quase sempre os pais influenciam a vida dos rebentos e não raramente são recompensados com o carinho e com a gratidão esperados sabendo, sobretudo, que sua semente prosperará na pessoa de seus netos e bisnetos. Quem sabe até esteja aí a raiz da homofobia: para quem quer ver sua "semente" prosperar ficaria difícil aceitar que seu filho (a) homossexual encerraria a perpetuação genética da família.

De todo modo, quando alguém que não é seu filho lhe diz claramente que você mudou a vida dele, quando alguém olha nos seus olhos e confessa espontanea, desinteressada e honestamente que a vida dele jamais seria a mesma sem você, que não passa um dia sem atribuir ao seu talento, ao seu amor, à sua amizade, ao seu carinho, à sua atenção e a sua sabedoria o rumo positivo que a vida dele tomou, acredite, isso é algo energizante e muito, mas muito, recompensador.

Agora se você ouve isso de pessoas diferentes, que não se conhecem e em momentos distintos desabafam esse reconhecimento aí o resultado íntimo é ainda mais gratificante.

Se eu morresse hoje, morreria em paz por saber disso. Algo como uma sensação tranquilizadora de que minha existência nesse mundo não foi em vão.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Só reflexo

Quem é você? Ao olhar no espelho seu rosto me é familiar! 
Vejo algo em você que me remete a um passado distante, de momentos ingênuos, românticos, alegres e vivazes. 
Agora, olhando melhor, você me parece aquele rapaz que conheci há alguns anos, indisciplinado, interessado, sincero, sério mas bem humorado, cheio de vida, solidário, sonhador, nem tão seguro de si que tivesse coragem de trilhar qualquer caminho que bem desejasse, nem tão hesitante que impedisse seu ímpeto de lutar por seus sonhos.
Sim, agora eu o vejo melhor, quase não o reconhecia mais!
Seu semblante exibe marcas de expressão que parecem escrever a história de sua vida, tal como num quadro de Dorian Gray.
Seus olhos, ahhh, seus olhos!!! Foram eles que me permitiram identtificá-lo. Dizem que o olhar não engana. Não é à toa que hoje se sabe que a íris é melhor meio de identificação que a digital. Talvez porque seja ela o RG da alma.
Vejo nos seus olhos o mesmo brilho altivo daquela época em que você era um infante teimoso, sonhador e ávido por viver uma vida repleta de novas experiências.
Lembra da melancolia de viver uma vida que você achava que não era sua? Sentia-se como um ator interpretando um personagem que não era seu...lembra-se disso?
Quantas e quantas vezes você sentia o peso da solidão por ver o mundo por uma ótica gritantemente diferente de seus pares e até de seus familiares? Uma pena que tenha conhecido seu amigo Nietzsche tanto tempo depois. Talvez ele tivesse ajudado a aplacar a dor que lhe feria o peito por sentir-se incompreendido.
Quantas e quantas vezes você se sentia atormentado com tantas indagações existenciais, com temores diversos quanto ao que o futuro lhe reservava e com a preocupaçõa típica de quem se sente perdido numa selva prestes a ser engolido por um grande animal desconhecido? Teria sido mais fácil se Fernando, o Pessoa, tivesse se apresentado para você na adolescência.
Hoje, passados tantos anos, chega a ser engaçado reencontrar você. É engraçado ver esse seu rosto de homem maduro, traços firmes, olhar duro, porque quando eu o conheci você exibia traços pueris de bochechas rosadas como as de um garoto bem criado.
Agora, passados tantos anos eu te reencontro e te olho nos olhos com a seguinte pergunta: valeu a pena? você acha que fez as coisas certas? sua vida hoje é como você esperava? mirou muito baixo na caçada?
Seja qual for a resposta que venha à sua mente eu só tenho algo a dizer: Feliz Aniversário!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Exija cada centavo do que é seu, mas só se for seu

Certo dia uma jovem estava na sala de embarque do aeroporto, à espera de seu vôo. 
Enquanto esperava, comprou um livro e um pacote de biscoito. Sentou-se numa poltrona para descansar e ler em paz. 
Ao lado dela sentou-se um homem.
Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também pegou um. Ela ficou indignada, mas não disse nada. Pensou consigo mesma: "Mas que 'cara de pau'! Se eu estivesse mais disposta,
seria capaz até de lhe dar uma bela lição para que ele nunca esquecesse ... "
A cada biscoito que ela pegava, o homem também pegava um. 
Ela ficou muito enfurecida, a tal ponto que não conseguia reagir. Restava apenas um biscoito e ela pensou: "O que será que o abusado vai fazer agora?" 
Então o homem dividiu o biscoito ao meio, deixando a outra metade para ela. 
Foi o máximo para ela, já chegara ao auge de sua raiva. 
Pegou o seu livro e as suas coisas e dirigiu-se ao avião.
Quando se sentou confortavelmente, para sua surpresa constatou que o seu pacote de biscoito estava intacto dentro de sua bolsa. 
Sentiu muita vergonha, pois quem estava errada era ela e já não havia mais tempo para pedir desculpas. 
O homem dividira os seus biscoitos sem qualquer problema, ao passo que isso a deixara muito transtornada...
Jamais se importe de exigir aquilo que é seu. Já dizia uma amigo rico que não se fica rico pelo que se ganha mas pelo que se deixa de perder e pelo que se deixa de gastar. 

Isso não o impede, é claro, de fazer concessões ou agir com liberalidade ou de ser generoso. Mas generosidade não se exige ela é voluntária, espontânea e livre.

Cada direito seu, mesmo que pequenos, podem e até mesmo devem ser exigidos por você sem que você tenha medo ou vergonha da pecha de mesquinho pois geralmente o mesquinho é aquele que está a reclamar de ti. O espírito baixo está ali, naquele que esperneia sem razão.  Até porque, segundo disse o filósofo, a sua mazela só incomoda o outro afronta a mazela dele.

Todavia tenha cuidado, abra os olhos e veja com clareza se você está exigindo o que é seu ou se está, em verdade, tomando aquilo que é do outro.