quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dr. Márcio Thomaz Bastos: Uma reflexão sobre os corruptos e seus diabólicos advogados

Recentemente recebi um e.mail assinado por um pretenso advogado que exibia fervorosamente seu rancor, seu desprezo pelo trabalho do Dr. Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da justiça e emérito jurista e professor.

O motivo todo mundo já sabe: seu desserviço a sociedade ao advogar para Carlinhos Cachoeira.

Dificilmente um advogado seria autor das bobagens que li, mas a julgar pelas outras asneiras ditas por um Procurador em sua representação contra o dignissimo jurista, até dá para ficar na dúvida.

Um advogado consciente de sua posição como profissional não diria as asneiras que vi no e.mail por diversas razões que vão desde o respeito a ampla defesa e ao contraditório, passando pelos princípios constitucionais que asseguram o direito ao silêncio sobretudo naquilo que fizer prova contra si mesmo e asseguram que um sujeito somente será considerado culpado  após condenado por sentença com trânsito em julgado, chegando finalmente ao princípio de que o mister da Advocacia é um dos 03 pilares da Justiça em conjunto com o realizado pelo Ministério Público e pela Magistratura.

Mas mesmo para um leigo a carta aberta é tosca e mirim, atenta contra qualquer idéia de Estado de Direito e Democracia, além de incorrer em erros básicos de lógica.

Segundo a lógica do autor do e.mail deveríamos fazer o seguinte: cartas abertas aos nocivos advogados que defendem os indiscutivelmente perniciosos bancos que com seus juros exorbitantes destroem a possibilidade do país crescer de forma sustentável e que recebem de braços abertos o dinheiro dos corruptos e dos bandidos. Aliás os bancos são grandes financiadores desse bando de políticos sujos.

Cartas abertas às empreiteiras de obras públicas envolvidas em maracutais, bem como a todos os seus funcionários e advogados porque cada um, ainda que em níveis distintos, se beneficia da corrupção direta ou indiretamente na medida em que são remunerados com o dinheiro sujo e por seu labor, ainda que lícito e legítimo, mantém a estrutura da corrupção funcionando.

Cartas abertas aos advogados e dirigentes das indústrias do álcool e do tabaco que com suas drogas lícitas promovem mais mortes que qualquer guerra até hoje já promoveu e são defendidos e administrados pelos primeiros.

Cartas abertas a todo e qualquer comerciante que ganhe a vida vendendo esses produtos que vão gerar a desgraça alheia.

Cartas abertas a todos os que estão envolvidos direta ou indiretamente nas empresas que vendem agrotóxicos e que poluem as águas, o solo e o ar...

Cartas abertas aos advogados que defendem as Igrejas em geral, bem como ao seus fiéis, afinal a Igreja Universal do Reino de Deus, Bispos da Igreja Renascer em Cristo, Igreja Católica e seus representantes, por exemplo, com suas tantas denúncias de corrupção, de lavagem de dinheiro, de abuso contra fiéis e contra menores são verdadeiros parias sociais que merecem ser execrados juntamente com seus fiéis que fomentam e dão suporte a essa grande bandalheira.

Acima de tudo, vamos fazer cartas abertas aos médicos privados que atendem a esses bandidos e corruptos, porque aonde é que já se viu manter-se vivas pessoas dessa laia? Facilmente se poderia deixar de atendê-los sobretudo para deixar de receber seu dinheiro que é desonestamente ganho. Aliás nem médicos públicos poderiam atender nenhum desses pilantras porque estariam gastando dinheiro público com quem já está em poder de muito dinheiro público desviado ou desonestamente auferido.

Mais do que isso: cartas abertas a qualquer um que atenda esses pilantras! Comerciantes em geral, prestadores de serviços de qualquer natureza, locadores de imóveis, estacionamento, pilotos de seus jatos e helicópteros, detentores de suas contas de e.mail, seus professores e de seus filhos, nenhum de nós jamais poderia prestar serviços a alguém tão nocivo e corrupto que nos pagará com seu dinheiro sujo.

Não podemos esquecer de fazermos cartas abertas ao Poder Judiciário na pessoa dos magistrados e mnistros que absolvem todo esse povo das acusações que lhes pesam ou permitem que sigam em suas atividades lesivas porque encontram respaldo legal para tanto.

Fazemos não somente fazer cartas abertas a quem julga e interpreta as leis mas a quem as faz: nossos legisladores, esses mesmos políticos corrputos sobre os quais tanto tratamos e que deixam os espaços na legislação que os diabólicos advogados legitimamente usam em prol de seus clientes.

Finalmente: cartas abertas a qualquer um que atender aos dependentes de todo e qualquer pessoa acuada de pratica de alguma ilicitude, sobretudo dos corruptos (ativos e passivos) e dos bandidos!

Mulheres e filhos, pais e mães, nenhum ser que deles dependa e que, pela lógica, se beneficie desse dinheiro poderia ser atendido por advogados, médicos, corretores de saúde e de imóveis, padeiros, confeiteiros, empregados domésticos e por aí vai. Afinal, essas pessoas são solidárias e cúmplices com essa gente corrupta na medida em que se beneficiam do dinheiro sujo...

Lógica fácil de entender, não é mesmo? Para um país em que mesmo gente culta se faz de ignorante, em que mesmo quem não necessita é corrupto, em que pouca gente ou ninguém respeita as leis, fica fácil achar na figura do advogado um responsável pelo descaso da população com o próprio país. Se é para ferir direitos individuais e a democracia, por que então as pessoas não saem às ruas depredando os políticos corruptos ou tirando-lhes a vida como na Revolução Francesa? A resposta é porque  cada um de nós conhece alguém que sonega impostos; que dirige com habilitação vencida, suspensa ou cassada; que tem algum estabelecimento não regular; que exerce alguma atividade sem os alvarás respectivos; que paga propina a políticos, policiais ou fiscais; que constrói sem pagar INSS; que emprega sem respeitar as leis laborais; que tem TV a cabo sem pagar assinatura; que ultrapassa a velocidade permitida ou que passa farol vermelho ou que bebe e sai dirigindo ou que fala inverdades sobre a pessoa alheia e por aí vai….o resto do raciocínio eu nem preciso mais escrever.

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