Há tempos que estou me reconhecendo um chato.
Levemente intolerante e crítico além da média, por vezes me pego em sistuações bem delicadas: seja quando me analiso, seja quando analiso os outros.
Uma situação cada vez mais frequente que tenho que enfrentar é a incoerência tupiniquim.
As pessoas são incoerentes desde que mundo é mundo. Têm preguiça de pensar e medo de o uso razão o retire de sua zona de conforto.
Mas, antes, ao me deparar com isso o efeito era o de me levar à reflexão. Timidamente esboçava tratar de meus pensamentos em público e quando sentia a reserva dos ouvintes desistia de falar.
Hoje em dia não!
Por vezes não consigo me conter e exponho essa incoerência alheia sem maiores pudores o que, como se pode imaginar, me torna um antipático ou um besta aos olhos dos outros que confrontados com a própria imbecilidade parecem preferir acreditar que o errado é quem os enxerga.
E quando o assunto é política, então? Aí fudeu...
Eu preciso fazer um exercício de concentração muito grande para não mandar os cegos a merda.
Para se ter uma idéia do que estou falando, é graças aos grandes pensadores da "elite" paulistana que hoje temos como pré-candidatos os seguintes zumbis:
a) José Serra
b) Celso Russomano
c) Netinho
d) Soninha
e) Gabriel Chalita
É nessa ordem a aceitação do eleitorado. Agora, imaginem só se Celso Russomano se unir ao Netinho? Vitória na certa. E, nesse caso, terei que pensar seriamente em mudar de Cidade, Estado ou até mesmo de País.
Por que estamos assim?
Vozes se levantam, sempre que faço publicamente essa pergunta, que o problema é da educação do "povo", da massa, do populacho.
Sei...mas e as idiotices que falam aqueles que, como eu, têm nível sócio cultural mais elevado que a média nacional? E as pessoas bem nascidas com as quais tenho contato, que tiveram acesso a boas escolas e cultura?
Não sou rico, nasci num berço bem humilde e prosperei graças a muito esforço mas sequer estou numa situação que considero confortável financeiramente. Afinal não estou livre de preocupações financeiras que não acometem outros amigos.
Entretanto acredito pertencer a uma elite. Elite no sentido de ter tido acesso a uma educação boa que me permite pensar e olhar a vida e as coisas da vida com olhos críticos que meus pares parecem não ter.
O fato é que, em verdade, a incoerência e a retórica vazia de reflexão e de praxe é parte da cultura desse meu país.
Afinal brasileiro é incoerente até mesmo quando o assunto é BUNDA.
Vivemos num país em que as mulheres se vestem de forma recatada se considerado o que se vê no verão europeu ou em Miami. Nossos BBB's são infinitamente mais recatados do que os europeus que não mostram só bundas e peitos mas chegam a ter sexo explícito.
Em compensação, nas praias brasileiras as mulheres mostram a bunda à vontade enquanto ninguém faz topless porque causa escândalo, não obstante os eventos carnavalescos, os funks e as "noites das xoxotas loucas" do interior do país mostrem mulheres nuas em pleno ambiente público e, por vezes, "familiar".
Bunda é assunto que leva todo mundo a debater acaloradamente. Seja porque a bunda da fulana é gostosa, seja porque a cicrana mostrou a bunda sem calcinha sei lá onde, seja porque a beltrana bunduda raspou o cabelo....
E gente que mostrou a bunda para ganhar a vida subitamente se torna casta como a Vera Fischer, Xuxa, Regininha Poltergeist e a Mirian Rios, sendo que todos nós vemos isso, aceitamos isso e as erigimos a patamares sociais mais altos enquanto execramos homossexuais por sua condição de vida e por sua opção pelo casamento.
Dá para entender???? Maior incoerência impossível.
Um país cheio de absurdos políticos e jurídicos, uma cidade mergulhada em caos e a galera se preocupa com o que se passa no BBB, no Pânico na TV e nas demais idiotíces televisionadas pelo país a fora não pode ter em sua bandeira "ordem e progresso" como lema.
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