Em 1803, durante a primavera, Beethoven fora convidado para apresentar a peça inédita e complexa composta para violino e piano.
O violinista, chamado a poucas horas antes da apresentação, era um jovem afro-polonês; seu nome: George Bridgetower, filho de uma polonesa e de um ex-escravo das Antilhas.
Segundo as fontes da época, o rapaz possuía uma habilidade incrível com o instrumento.
Numa das mais difíceis partes da sonata de serem executadas no violino Bridgetower tocou com maestria.
Beethoven, impressionado pela capacidade do músico, levantou-se do piano e foi saudá-lo antes de terminar a execução. Além disso, escreveu na partitura os seguintes dizeres: Sonata per um mulaticco lunattico.
Depois da brilhante apresentação, os dois foram comemorar e beber juntos.
O jovem músico, que atraia bastante olhares femininos, fez um comentário inadequado sobre uma das damas amigas do compositor alemão.
Tomado pela cólera, Beethoven pegou a partitura e rasurou a dedicatória para, mais tarde, dedicá-la a Rodolphe Kreutzer (considerado o maior violinista da Europa de então) e se tornaria a Sonata a Kreutzer.
George Bridgetower acabou sua vida na indigência. Ele e seu dom faleceram em 1860 num asilo londrino para indigentes, esquecidos pelo mundo da música.
A parte curiosa é que o ilustre iluminado, o próprio Kreutzer, em suas limitações considerou a sonata impossível de ser tocada!
Não para Bridgetower, claro.
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"Não basta ter-se talento: é preciso ter-se o vosso assentimento para o possuir, - não é verdade, meus amigos?" Friedrich Nietzsche em "Além do bem e do Mal". |