quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Nem tudo que é ouro brilha


 
Em 1803, durante a primavera, Beethoven fora convidado para apresentar a peça inédita e complexa composta para violino e piano.

O violinista, chamado a poucas horas antes da apresentação, era um jovem afro-polonês; seu nome: George Bridgetower, filho de uma polonesa e de um ex-escravo das Antilhas.

Segundo as fontes da época, o rapaz possuía uma habilidade incrível com o instrumento.

Numa das mais difíceis partes da sonata de serem executadas no violino Bridgetower tocou com maestria.

Beethoven, impressionado pela capacidade do músico, levantou-se do piano e foi saudá-lo antes de terminar a execução. Além disso, escreveu na partitura os seguintes dizeres: Sonata per um mulaticco lunattico.

Depois da brilhante apresentação, os dois foram comemorar e beber juntos.

O jovem músico, que atraia bastante olhares femininos, fez um comentário inadequado sobre uma das damas amigas do compositor alemão.

Tomado pela cólera, Beethoven pegou a partitura e rasurou a dedicatória para, mais tarde, dedicá-la a Rodolphe Kreutzer (considerado o maior violinista da Europa de então) e se tornaria a Sonata a Kreutzer. 


George Bridgetower acabou sua vida na indigência. Ele e seu dom faleceram em 1860 num asilo londrino para indigentes, esquecidos pelo mundo da música.

A parte curiosa é que o ilustre iluminado, o próprio Kreutzer, em suas limitações considerou a sonata impossível de ser tocada!

Não para Bridgetower, claro.
"Não basta ter-se talento: é preciso ter-se o vosso assentimento para o possuir, - não é verdade, meus amigos?"
Friedrich Nietzsche em "Além do bem e do Mal".






3 comentários:

  1. Não penso que se trate de racismo, o rapaz deve ter-se sentido embriagado duplamente, talvez mais por galgar a fama de uma hora para outra (o que, para a época, deveria ter um impacto maior) do que pelo álcool.
    Hoje, como ontem, a glória continua sendo uma amante infiel...

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  2. Menino..vc descobre cada coisa, viu? Caramba...
    Bom..o cara era foda..mas burro.
    Existe muita gente foda porém inoportuna e o talento acaba por desperdiçado. Tudo tem a sua hora. Alí, provavelmente, naquela mesa de bar, ele trocou os pés pelas mãos, se precipitou e fez merda. Normal para um amador que nessa altura do campeonato já devia estar se sentindo "o" cara do momento.
    Eu também não gostaria que alguém que eu acabsse de conhecer ficasse sendo inconveniente com alguma amiga minha, ou amigo. Também seria tomada pela cólera.
    Enfim...
    Minha grande questão é de onde vc tira tanta coisa boa de se ler!

    rsrrs

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  3. Meu doce, essa informação em especial foi de um livro do Tolstói "A Sonata a Kreutzer."

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