quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Culpados e culpáveis...

Dia desses um Porsche chocou-se contra um Tucson num cruzamento das ruas de nossa cidade.

Ali morreu a condutora do Tucson, os carros ficaram em frangalhos e o condutor do Porsche foi hospitalizado.

Ao que tudo indica a falecida avançou o sinal vermelho. Ao que tudo indica o condutor do outro veículo estava em velocidade incompatível com o local e muito acima do máximo permitido.

Tenho amigos que têm Porsche e um deles me veio com a seguinte broma sarcástica em alusão ao que ele considera censurável: "Se um motorista dirigindo um Porsche cai num buraco aberto na rua de quem é a culpa? Do motorista do Porsche, claro."

Ele se referia ao fato de que - na opinião dele - o motorista da Porsche só estava sendo "perseguido"por ter Porsche: afinal não foi ele quem avançou o sinal vermelho, logo a culpa não é dele (conforme seguiu raciocinando).

O problema é que esse amigo, embora versado em Direito e advogado atuante, se esqueceu de uma figura jurídica chamada de "culpa concorrente" ou "culpa recíproca" e que no vulgo é chamado de "um erro não justifica o outro".

Não é porque ela passou no semáforo fechado que ele está livre de responsabilidade. Afinal, o acidente como se deu, só atingiu tal dimensão danosa, resultando em morte e com carros destruídos, porque - aparentemente - ele não estava em velocidade que lhe permitiu frear ou chocar-se de modo menos danoso.

Logo, se as evidencias seguirem nessa linha, é sinal de que ambos foram imprudentes e negligentes de modo que ele é tão culpado quanto ela e vice-versa. Fica apenas a ressalva de que somente um motivo justo para estar correndo poderia escusá-lo de culpa.

O que me desagrada nos idiotas que compoem nossa sociedade é a tendenciosidade.

Se de um lado ele pode ser culpado, de outro não se pode exagerar ao se narrar os fatos numa tentativa de aumentar a dimensão do diabo.

Para mostrar a frieza do engenheiro, jornalistas fizeram a seguinte afirmação: "Policiais informaram que a primeira reação de Lima no local foi telefonar para um amigo advogado."

Oras, ele fez exatamente aquilo que era esperado que fizesse! Assim como se procura um médico quando ocorre a necessidade de assistência médica, se porcura uma advogado quando a questão é - como de fato era - jurídica!
Se todos fizessem isso, não haveria tanto problema por aí.


É preciso ver as coisas de modo imparcial e nem sempre somos assim.

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