O presente post tem relação com uma postagem anterior na qual se exibia 03 pen drives criados com formatos curiosos em alusão a um pênis, a um espermatozóide e um absorvente íntimo.
Bem humorados e inócuos para uns, de mal gosto e ofensivos para outros.
O desconforto e a controvérsia que tais objetos suscitam me causa perplexidade. Sobretudo quando essas sensações negativas são manifestadas por pessoas esclarecidas.
Mais natural e mais presente do que essas imagens ao longo de toda a vida humana só mesmo a morte que a encerra. Mas não é por isso que vou esperar que alguém goste das imagens ou que as ache bonitas. Não se trata disso e eu mesmo não vejo beleza num falo. Nem espero que o mundo veja ou entenda as coisas do meu jeito.
A questão é outra!
O que me causa espécie é ver que muita gente nem sequer se digna refletir sobre essas imagens e o que elas significam enquanto ícones culturais de ontem, de hoje e provavelmente de amanhã até o final dos dias do ser humano na Terra.
A humanidade sempre cultuou o "falo" e este assumiu em várias civilizações caráter, inclusive, religioso.
Exemplo contemporâneo: no Japão agora em Março acontecerá o Festival da Fertilidade de Kanamára Matsuri que é reverenciado pelos locais http://www.abril.com.br/noticias/comportamento/festival-fertilidade-kanamara-matsuir-desfile-penis-gigante-japao-430702.shtml. Para pessoas sensíveis a essas imagens assistir um festival desses deve ser devastador.
Nos museus mundo a fora ululam expressões gráficas, desenhos e ornamentos com imagens fálicas e referências sexuais obtidos em vários pontos do planeta e de culturas diversas.
Assim era também nos berços da cultura e da civilização ocidental: Grécia e Roma.
Assim era também nos berços da cultura e da civilização ocidental: Grécia e Roma.
E a língua portuguesa tem no verbo "falar" essa herança do culto ao falo.
Mais recentemente correntes acadêmicas em psicologia - que tiveram como seus percursores nada menos que Freud e Lacan - tratam da questão exaustivamente seja pelos que corroboram a tese do falocentrismo seja pelos que a combatem. E o link a seguir é rechado de indicações bibliográficas a respeito (http://www.algosobre.com.br/psicologia/o-poder-falico-da-mulher-e-a-feminilidade-no-homem.html).
À margem dessas discussões há quem afirme que - levando em conta as motivações e desejos segundo a visão psicológica do consumo - a forma dos invólucros dos desodorantes, sobretudo aqueles de uso feminino, foi desenvolvida em formato fálico após estudos apontarem para o fato de que as mulheres se sentem inconscientemente atraídas pelo tubo como se ele fosse um falo à sua disposição e de que aos homens a imagem gera sensação de poder (http://www.furg.br/portaldeembalagens/sete/sed_cons.html). E, de fato, não são poucos os casos de mulheres que fazem desse item cosmético um instrumento para o prazer solitário (http://mundofalico.blogspot.com/2010/01/rexona-men-v8.html) ou de homens que desde cedo estão preocupados com o tamanho de sua "lâmina".
Logo o culto ao falo (seja no seu sentido humorístico, seja no sentido psicológico-filosófico, seja no sentido histórico) não é e nunca foi velado.
Então por que o tabu que algumas pessoas têm? Então por que tanta polêmica quando alguém vê uma imagem não pornográfica de algo que não somente é parte de nosso corpo mas, principalmente, de nossas vidas e nossa cultura? Por que a vergonha ou pudor? Por que achar a imagem de um simples pen drive "forte" ou absurda? Por que não podemos aprender mais sobre o assunto já que a história diz mais sobre nós mesmos do que podemos imaginar?
Eu, pessoalmente, acredito que as reações de cautela, pavor ou estranheza que, diga-se de passagem, ocorrem somente em sociedades de cultura judaico-cristã, têm algo de doentio.
E não poderia ser para menos: numa sociedade cujos valores são erigidos seguindo a religiosidade judaico-cristã, espelhada que é na Igreja Católica a qual - por sua vez - teve um Papa que mandou destruir cada pênis esculpido nas estátuas que ornamentavam o Vaticano para depois cobri-los com gesso em formato de folha de figueira, podemos esperar o que?
Pois bem, sendo ou não cristãos muitas pessoas reagem com espanto ou asco diante da imagem fálica e a repudiam não em função da estética mas em função de seus valores íntimos ou de mero reflexo condicionado. Afinal, fazem isso sem maiores reflexões mas imbuídas, sem notar, pelos valores pregados ao longo dos séculos por referida instituição religiosa.
E não poderia ser para menos: numa sociedade cujos valores são erigidos seguindo a religiosidade judaico-cristã, espelhada que é na Igreja Católica a qual - por sua vez - teve um Papa que mandou destruir cada pênis esculpido nas estátuas que ornamentavam o Vaticano para depois cobri-los com gesso em formato de folha de figueira, podemos esperar o que?
Pois bem, sendo ou não cristãos muitas pessoas reagem com espanto ou asco diante da imagem fálica e a repudiam não em função da estética mas em função de seus valores íntimos ou de mero reflexo condicionado. Afinal, fazem isso sem maiores reflexões mas imbuídas, sem notar, pelos valores pregados ao longo dos séculos por referida instituição religiosa.
Mas esse é o legado judaico-cristão!
Não é à toa que na sociedade ocidental as pessoas sejam tão mal resolvidas sexualmente.
Não é à toa que na sociedade ocidental as pessoas sejam tão mal resolvidas sexualmente.
1. Não vou comentar nada sobre o culto japones aos grandes falos;
ResponderExcluir2. Em Pompéia (aquela do Vesuvio), falo era peso de papel;
3. Esse é um assunto meio cacete, né não ?
FF,
ResponderExcluirExatamente: um assunto "duca"...rsrs