Há tempos que tento entender a relação de amor e ódio que as mulheres em geral têm com aquelas que se convencionou chamar de "putas".
Aliás, o étimo dessa palavra é nebuloso. Uns atribuem ao feminino da palavra "putus" que em latim significava "rapazinho". Outros atribuem a origem ao termo (também em latim) "putidus" que significa "estragado, podre, que cheira mal."
Voltando ao cerne do post, indiscutivelmente a maioria das mulheres que conheço tem verdadeira ojeriza daquelas que trabalham nesse que, segundo dizem, é o ofício mais velho do mundo.
Alguém pode dizer que ela pertencia ao universo masculino, não ao feminino.
Podem dizer que ela é fruto do machismo que imperava naquela época e que quem comandava as produtoras de cinemas eram os homens e tal.
Mas é inegável o fascínio que ela exerceu sobre as mulheres também.
Agora, já no século 2001, veremos dois filmes baseados na vida de duas putas famosas: Bruna Surfistinha e Gabriela Leite.
Essa última foi candidata a Deputada Estadual pelo Rio de Janeiro pelo PV e gosta de usar essa expressão ao referir-se a si mesma noutros tempos.
É o fim do mundo, como querem os paladinos da moralidade, ou será a vitória das putas sobre a moral judaico-cristã, como querem os mais liberais?
Para mim: nenhuma das alternativas acima: é o mundo nú e crú como sempre foi.
Agora, de tudo que mais me espanta, é que muitas mulheres que têm aversão a garotas de programa pedirem, na intimidade, para serem nomeadas como tal, como lembra a poetisa Manuela Amaral em seu poema "GRITO ERÓTICO"
"Caluniaste o meu corpo
ao longo dos teus gestos
sem medida
Desde a palavra exacta
do meu sexo
E soletraste-me puta
Puta
Puta
Angustiosamente erótica
abri-me em coxas
e penetrei-te na minha fauna aquática
Grito marinho
a escorrer nas algas
do meu ventre
Puta
Puta."
C´est la vie.
Marcos ... creio que se trata da mesmo ódio que os mais religiosos tem pelos pecadores, que se baseia na inveja e no medo de seus próprios instintos (despertados pelo exemplo).
ResponderExcluirNem todas as mulheres, entretanto, tem essa relação dicotômica com as profissionais do sexo.
Minha namorada, por exemplo, as vê como uma solução segura para o "problema" que os impulsos masculinos trazem para um casamento.
Mas fato é que o mito da puta é muito diferente da realidade das garotas de programa.
Visão sociológica a da sua mulher...rsrsrs O que me faz lembrar da frase atribuída ao Jack Nicholson: "Não pago para fazer sexo. Pago para elas irem embora depois."
ResponderExcluirQuanto ao mito e à realidade, assim são sempre as coisas. Mas é interessante ouvir delas próprias que o modo de vida por elas encontrado é opção e não corrupção.
Aliás isso rende outro post. Rendeu os livros da Gabriela Leite e da Bruna.
Eu respeito as putas. Acho um trabalho tão digno como o de um pedreiro, que presta um serviço em vez de vender uma mercadoria.
ResponderExcluirO problema da prostituição é quando acontece não por opção, mas por falta dela. Por causa disso existe a exploração.
Infelizmente, prostituição, aborto, homosexualismo, etc, nunca serão descriminalizados por aqui, porque o nosso Estado não passa de pretenso-laico.