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terça-feira, 10 de abril de 2012

Prostituição legalizada

Hoje o UOL trouxe uma notícia interessante: "a Comissão do Senado de reforma do Código Penal quer o fim de punições para donos de prostíbulos."

E por que? Finalmente acordaram para o fato de que a medida punitiva só serve para policiais corruptos extorquirem donos dessas casas. 

A informação é da reportagem de Rogério Pagnan publicada na edição desta terça-feira da Folha

Uma vez que não seja proibido a ninguém explorar seu próprio corpo para fins econômicos, essa mudança tornaria possível trazer mais segurança e mais respeito às profissionais do sexo na medida em que abriria caminho para a regulamentação dessa profissão e para a quebra de tabus e procinceitos.

Seria um avanço poder estabelecer vínculos trabalhistas entre o funcionário de um prostíbulo e o empregador, como já ocorre em países como Alemanha e Holanda permitindo agregar aos cofres públicos dinheiro que hoje permeia a corrupção.

Claro que isso traz outras reflexões sobre as implicações sociais, sobretudo no interior do país onde há exploração sexual, inclusive de menores, em casas de prostituição.

Mas o fato é que essas casas de diversão sexual existem de forma escancarada em qualquer canto por onde se passe de forma que é um contrasenso não estarem regulamentadas.

Um sinal de avanço social num país com tantas contradições.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Democracia se faz assim



Você gosta de drogas? Não? Nem eu!

Mas tem gente que gosta e tem o direito de buscar o reconhecimento de sua licitude.

Mais do que isso: tem gente que não gosta e, assim como eu, entende que a marginalização não leva a lugar algum, que as vias tradicionais de combate às drogas estão falidas, que a manutenção da ilicitude traz mais malefícios do que benefícios para a sociedade, que o sistema atual alimenta a corrupção e o crime e que, de qualquer modo, o assunto merece um debate amplo, que o uso merece ser descriminalizado, que o Estado deve buscar tornar o problema da do uso e da dependência uma questão de saúde e não de ordem criminal. Entendo, que é preciso retirar as trevas que mantém a população na ignorância, sobretudo para buscar absorver os benefícios que tratamentos médicos usando cannabis ou coca, por exemplo, podem trazer para o grupo social.


E só se consegue isso quando se pode ter a liberdade de manifestação e de pensamento para uma pública sensibilização social.

Enquanto noutros países há até convenções sobre a maconha (vide foto acima), aqui é comum vermos tribunais tolhendo o direito do cidadão de se manifestar publica, politica e pacificamente em marchas pela maconha.

Isso não é coisa de país civilizado! Menos ainda de país democrático.

Exatamente por isso é de se exaltar que, pela segunda vez, o STF (Supremo Tribunal Federal) deu seu apoio ao direito popular de - quem quer que seja - livremente se manifestar em favor da discussão sobre liberação do uso de drogas, inclusive por meio de passeatas e atos públicos!

Conforme noticiou o UOL, o relatório do ministro Carlos Ayres Britto, lido nesta quarta-feira (23), foi referendado por mais seis colegas, ratificando a licitude dos protestos pela liberação de entorpecentes e que isso não é apologia ao crime.

A partir de agora, marchas e movimentos desse tipo não podem ser cerceados por decisões judiciais. 

A ação foi levada pela Procuradoria-Geral da República, questionando a constitucionalidade da criminalização de atos que defendam, por exemplo, a maconha.

No primeiro julgamento, realizado em junho, todos os oito ministros presentes votaram a favor da legalidade das marchas. Dias Toffoli não votou por ter atuado no caso como advogado-geral da União.

Relator da ação que pedia a liberação de manifestações desse tipo no primeiro julgamento, o ministro Celso de Mello afirmou que “nada impede que esses grupos expressem livremente suas ideias”

Questionado pelo colega Gilmar Mendes sobre a possibilidade da organização de marchas em favor da pedofilia, ele respondeu: “Podem ser ideias inconviventes, conflitantes com o pensamento dominante. Mas a mera expressão de um pensamento não pode constituir objeto de restrição”.

E ele tem razão! 

Razoável ou não, aceitável ou não, nojento ou não, a pedofilia é - por exemplo - o foco central de um partido político na Holanda: o Partido da Pedofilia! 

Podem seus filiados lutarem pela legalização da pedofilia. É um direito do Estado manter na ilegalidade essa prática lamentável, mas se existe alguém com coragem de levantar a bandeira de uma ideologia é um direito seu discutir publicamente o assunto sem ser vetado, censurado ou punido por isso, o que é bem diferente de praticar o ato defendido.

Para o presidente do STF, Cezar Peluso, o tema “põe em jogo a questão do perfil da liberdade de reunião, como instrumento da liberdade de expressão, de opinião, de pensamento. No caso, da opinião favorável a descriminação de condutas”.

Seguiu afirmando:  “A questão das drogas é de há muitos anos uma questão discutível. Ela não significa necessariamente nenhuma autorização para uma prática de atos capazes de vulnerar nem de atentar contra a estruturação da sociedade”, disse.

Democracia se faz assim!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Finados e Halloween: uma coisa só!



De uns tempos para cá, pela influência do cinema e das escolas (sobretudo de idioma inglês) passamos a comemorar no Brasil o Dia das Bruxas no dia 31 de outubro.

De outro lado,  no dia 02 de novembro uma outra data tradicionalmente forte é comemorada por aqui por força da influência católica: o Dia de Finados.

Uma é tida como uma festa aos mortos a moda pagã, a outra é celebrada em respeito e homenagem aos finados a moda cristã.

Halloween, ou simplesmente, Dia das Bruxas remonta aos primórdios da Europa, mais precisamente às tribos celtas e cuja tradição floi inserida nos EUA por força dos imigrantes irlandeses.

A palavra Halloween se origina do inglês antigo “Hallowed” que também deu origem à palavra "holly" (santo) acrescida do sufixo “e’en” (noite), ou seja, significa noite santa, algo como “All Hallows Eve” ( noite de todos os santos). Para os druidas (sacerdotes celtas na antiga França, Irlanda e Inglaterra), a noite de 31 de outubro era a comemoração da vinda da deusa Samhain aos homens, juntamente com os espíritos dos mortos. Os celtas acreditavam que era preciso agradar esses espíritos, caso contrário eles poderiam trazer desgraças à humanidade.

Até o século IX d.C., a Igreja Católica comemorava o Dia de Todos os Santos no mês de maio. Contudo, o papa Gregório III, no ano de 835, procurando evitar conflitos religiosos entre católicos e os povos celtas, autorizou a celebração do “dia de Samhain” e transferiu a data do calendário católico para o 1º dia do mês de novembro. 

Outra tentativa de conciliação entre as festividades pagãs e as cristãs foi quando os católicos edificaram o Panteão romano (templo destinado para a adoração politeísta) em igreja cristã. Os ritos religiosos cristãos aos santos eram cultuados um dia depois ao dos deuses pagãos. 

Até hoje o calendário das datas comemorativas conserva esta origem histórica e religiosa.
As duas deixaram de ser vistas como co-relacionadas quando, na Idade Medieval, o cristianismo passou a perseguir os pagãos e seus cultos.

A Santa Inquisição rotulou de bruxos todas as pessoas que praticassem rituais pagãos, troturou e matou inúmeras pessoas e institucionalizou o Dia de Finados em 2 de novembro para abolir as festividades de Samhaim.

Bom feriado!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

domingo, 8 de maio de 2011

O OXI, O CIGARRO E AS MÃES

Um derivado da cocaína mais barato e mais aterrorizador do que o crack chegou ao país e já está fazendo um belo estrago por aqui.

Estou falando da droga chamada "oxi", droga barata que é consumida e procurada por jovens e crianças de todas as classes socioeconômicas.

O nome é uma abreviação de "oxidado": trata-se de uma mistura de base livre de cocaína e combustível (como querosene ou gasolina). É semelhante ao crack por ser uma pedra branca fumada em cachimbo, que custa mais barato e mata mais rápido.

É uma droga tão forte que seu poder de dependência se mostra no primeiro uso!

Usuária de Crack ao longo de 08 anos
Causa efeitos devastadores no organismo humano: doenças no sistema renal, emagrecimento, diarreia, vômitos e até perda de dentes, por conta do processo corrosivo provocado pela presença dos combustíveis na composição do oxi.

Por outro lado, seis das maiores fabricantes de cigarro do mundo usaram ou fizeram planos de usar aditivos químicos em seus produtos para reduzir o apetite, de acordo com uma pesquisa feita por médicos da Universidade de Lausanne, na Suíça.

Os documentos citam o uso de anfetamina, efedrina, gás do riso e ácido tartárico, entre outras substâncias. Anfetamina e efedrina são conhecidos redutores de apetite. Gás do riso suprime a fome ao alterar o sabor dos alimentos, segundo os autores. Ácido tartárico reduz a fome ao ressecar a boca. A pesquisa foi publicada na última edição do "The European Journal of Public Health", editado pela Universidade de Oxford.

A prática durou pelo menos 50 anos, de 1949 a 1999, ainda de acordo com o grupo de pesquisadores. O levantamento foi feito em documentos da própria indústria do cigarro. Os papéis se tornaram públicos por conta de uma ação dos EUA na qual as empresas foram condenadas por terem omitido os males provocados pelo fumo por 40 anos.

A vantagem do supressor de apetite para a indústria é que ele amplia uma característica do cigarro que é a capacidade de reduzir a fome e deu certo: até hoje, muitas mulheres dizem que não vão parar de fumar porque engordariam. 

Sabe-se que o cigarro ajuda naturalmente a controlar o peso porque a nicotina diminui a ação da insulina, reduzindo a entrada de glicose nas células. O efeito disso é a diminuição na sensação de fome, afirma Costa e Silva. A adição do supressor de apetite potencializa essas características.

O plano de incluir aditivos que diminuem a fome, segundo os documentos, visava conquistar novos consumidores: as mulheres.

E quem educa os filhos: as mulheres! As mães são a maior influência sobre os filhos do que os pais, tanto assim que o comércio tem muito mais venda para o dia das mãe que para o dia dos pais.

Conquistando as mães a industria dos cigarros conquista os filhos.

Mas e qual a relação entre o OXI e os cigarros?

È que a nicotina vem sendo cientificamente considerada a porta de entrada para o uso de drogas ilícitas, pois, freqüentemente, os usuários de drogas como álcool, maconha e cocaína revelam ter iniciado suas experiências consumindo, antes, os cigarros.

Esta afirmação faz parte do relatório anual do Ministério da Saúde dos EUA, publicado em 1992.

Segundo o relatório, o hábito de fumar e a conseqüente dependência da nicotina geralmente se estabelecem na adolescência, ou mesmo antes, e são responsáveis por aproximar os jovens de outras drogas que causam danos à saúde.

Para comprar crack e oxi, crianças se prostituem.
Está comprovado que nas pessoas com faixa etária entre 12 e 18 anos a dependência à nicotina se instala mais fácil e fortemente, já que é nesta fase que ocorre a formação da personalidade e da consciência crítica e a construção da auto-estima. Os jovens formam suas crenças e incorporam hábitos e comportamentos da vida adulta, tornando-se, por isso mesmo, mais suscetíveis às mensagens veiculadas ao seu redor.

Esta suscetibilidade mais intensa na juventude fica evidente quando se compara, por exemplo, os dados sobre o número de fumantes no Brasil, em 1989. Na faixa etária entre 10 e 14 anos havia 370.000 fumantes enquanto que entre os jovens de 15 a 18 anos o número de fumantes era aproximadamente 600% maior, ou seja, 2.341.000 fumantes.

Hoje é dia das mães e fica um convite à reflexão para as fumantes: vale a pena alimentar aqueles que induzem e lucram com a desgraça alheia? Qual a diferença entre o traficante de OXI e aquele industrial ou comerciante de cigarros? Você vai continuar se prestando como instrumento da industria do cigarro para angariar a vida de seus filhos para o mundo das drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas? Pense nisso!


Feliz dia das mães!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Anos 80

Se tem algo que não é característica minha este algo é o saudosismo.

Nasci em 69 e pude atravessar muitas mudanças de costumes.

Testemunhei vários eventos políticos, várias catastrofes naturais ou não, muitas evoluções em ciência, em medicina e em toda sorte de tecnologia de modo que tenho consciência de que o mundo mudou e em vários aspectos está melhor.

Assisti desde a queda da ditadura militar no Brasil e em outros países ao renscimento da China como potência mundial; desde a extinção comercial massificada dos LP´s, das fitas K7 e do VHS ao nascimento e ocaso do CD e do DVD, hoje sustituídos (respectivamente) por cartões sd que tocam em vários formatos e pelo blue-ray; desde o nascimento do PC e do notebook até os atuais tablets, desde o uso do telex até a internet; desde as câmeras analógicas com flash portátil e descartável até as atuais digitais; desde casas sem telefone até a massificação dos celulares. E mais: vi a paulatina integração digital de tudo isso.

Eu sou da época em que enciclopédias eram vendidas de porta em porta e eram resultados de pesquisas sérias e aprofundadas a fim de que os jovens a ela tivessem acesso como mecanismo de estudo. Hoje o Google porvê tudo isso, mas de modo menos esmerado e confiável...mas acessível a todos, o que não ocorria com os compêndios.

Por outro lado, desde criança ouço música de diversas épocas e origens. Dedsde criança que sinto a música como atemporal mas como resultado da cultura de uma época. E é por isso que cada qual tem sua beleza, inclusive as que a galera curtem hoje. Basta saber o que ouvir.

Sábado, porém, estive na festa de aniversário de uma amiga em que se tocou músicas dos anos 70, 80, 90 e contemporâneas e lá eu vi a força que os anos 80 exercem sobre as pessoas.

Os convidados na faixa dos 40 anos, em média, estavam delirando com as músicas dos anos 80 porque são, justamente, aquelas em que essa galera a caminho da velhice ouvia em sua puderdade ou recém saídos dela. São músicas que acompanharam aquelas mudanças, aquelas experiências e  aqueles sonhos que são típicos dessa faixa etária e por isso ficam gravadas na lembrança de muitos trazendo-lhes o mesmo prazer de tempos atrás, como se estivessem provando novamente o sabor do frescor daquela idade.

Claro que ninguém se lembra mais das calças "bag", das "cintura alta", das "ombreiras desestrturadas", das roupas coloridíssimas "new wave", dos cortes de cabelo "poodle" e dos exageros e extravagâcias daquela época refletidos em ídolos cinematigráficos como Madonna, Cindy Lauper, B 52´s, Stallone e Arnold: tudo brega "bagarai".

Foi uma época em que os "nerds" ainda eram vitimizados e se preparavam para dar o troco. Em que Michael Jackson ainda era negro; a XUXA saía nua em revistas e filmes e não fazia tipo de boa moça; o Partido Comunista não era de direita; o Lauro Corona, o Ricky Martin e George Michael ainda eram símbolos juvenis de virilidade; Arnold Schwarzeneger ainda era um fisoculturista/ator, o Iraque era parceiro dos EUA e o Bispo Edir Macedo era visto como um enganador e oportunista que não iria a lugar algum com sua nova Igreja (a Universal do Reino de Deus).
Foi uma época que teve como ícones cinematográficos do ideal cultural de diversão, que hoje está levado ao extremo da alienação, os filmes "CURTINDO A VIDA A DOIDADO" e "BETH BALANÇO", assim como no seriado "ARMAÇÃO ILIMITADA".



Quem viveu nos anos 80 conheceu o prazer do sexo sem preservativo (camisinha era Camisa de vênus e ninguém ousava pedir em farmacias, onde o produto fica escondido e era vendido para quem tinha vida sexual promíscua) e de um bom sono em dias de verão com janelas escancaradas.

Enfim, foi uma ótima época, com músicas marcantes, bandas bem loucas e gente querendo se divertir mais e trabalhar menos, como dizia a banda DEVO: TIME OUT FOR FUN.

Nós abrimos as portas para que o ideal de entretenimento fosse levado às últimas consequências como vemos hoje....por isso fica complicado reclamar da garotada.

Afinal se os anos 80 eram tão bons e marcantes para nós graças a isso tudo, imagine para a galerinha que vive nos tempos contemporâneos fazendo uso de toda a evolução que temos deixado???

Segue aí uma música dos primórdios da música eletrônica comercial que é a cara dos anos 80:

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pela inclusão e contra a prostituição

Há quem goste de se prostituir. Nem todas as pessoas que vivem de prestar serviços sexuais são vítimas!

Mas há, sim, quem procure esse meio de ganhar a vida por ser o único que lhes resta.

Travestis e mulheres quando se prostituem são procurados justamente por seus algozes sociais. Por aqueles que publicamente as condenam mas, na calada da noite, no silêncio da alcova, com elas se regozijam.

Os travestis, mais do que as mulheres, sofrem preconceito em casa, depois na sociedade a que pertencem e são vítimas de chacota e violência nas escolas, nas ruas e sequer conseguem se empregar: nem em emprego particular, nem em emprego público.

Daí só lhes resta...a rua.

Gostem elas ou não!

A aceitação do transexual como um 3o. gênero assim identificado em seus registros é um passo significativo para romper com o preconceito e permitir a aceitação social dessas pessoas.

O Brasil deveria se envergonhar de seus parlamentares tão conservadores que chegam à desfaçatez de virem a público incitar o preconceito e a intolerância, como já discutido exaustivamente aqui.

Por isso mesmo é que chama a atenção o caso do conservador governo do Paquistão. 

Não precisamos dizer que aquele país é um ícone de retrocesso cultural, sobretudo no que tange às liberdades individuais para as mulheres. Pelo menos essa é a imagem vendida sobre ele aqui no ocidente.

Todavia, esse país surpreendeu o mundo ao anunciar medidas que favorecem os transexuais que lá vivem.

A primeira delas é o fato de que a Suprema Corte aceitou introduzir o terceiro gênero no documento de identificação nacional.

Além disso, o governo está começando a empregar transexuais como cobradores de impostos impactando assim na dificuldade que eles têm para encontrar trabalho: melhor ser cobrador a não ter outra opção senão a rua.

Isso é um exemplo de cidadania exercida com respeito à dignidade do ser humano.

Fico até pasmado de por lá, ainda condenarem mulheres à morte por apedrejamento (daqui à pouco algum ser mais engraçadinho vai dizer que tem lógica: apedrejam mulheres e criam novo gênero para os travestis porque preferem estes em detrimento daquelas).

quarta-feira, 9 de março de 2011

Dia da Mulher x Bruna Surfistinha - O filme

"Bruna Surfistinha", filme baseado na vida dessa garota de programa que dispensa apresentações, atingiu a marca de 1 milhão de espectadores e arrecadou R$ 9 milhões em seu segundo fim de semana de exibição.

Eu me lembro que quando a Bruna resolveu escrever um livro sobre sua vida (O doce veneno do escorpião) uma gama gigantesca de vozes se ergueram fazendo pouco caso sobre a iniciativa. A maioria das vozes era feminina!

Não faltaram mulheres criticando a vida da "puta" (como diziam), preocupadas com a idéia subversiva dela falar sobre sua vida e potencialmente poder contaminar outras jovens com a glamourização da vida de "puta", não faltaram mulheres criticando o fato dela ter "roubado" o marido de outra e criticando, até mesmo, a beleza (ou ausência dela) da Bruna.

Enquanto isso a moça já tinha feito a vida com prostituição de luxo, fez filmes pornôs, lançou seu livro e viu sua vida se tornar um filme de sucesso.

Alheia à opinião dos outros ela seguiu sua vida com os percalços que qualquer outra pessoa também tem.

Conquanto as críticas mais ferozes que eu tenha ouvido originem-se, justamente, de mulheres, o público que comprou o livro e que agora vai maciçamente ver a vida da moça nos cinemas é, curiosamente, o feminino.

Dá para entender?

Num Brasil em que as mulheres fazem comentários mais do que machsitas conservadores sobre "costumes/comportamento/homem-ideal" em contraposição à tão desejada igualdade e emancipação; num Brasil em que as mulheres são mais machistas conservadoras que os próprios homens; num Brasil em que as mulheres são muito preconceituosas e duras com suas pares é preciso admitir que a Bruna foi muito corajosa ao afrontar a hipocrisia e a vontade reprimida de muitas mulheres. E sua coragem lhe trouxe sucesso.

Alguém já se perguntou porque as mulheres gostam tanto de filmes nos quais a personagem principal é puta? BONEQUINHA DE LUXO e UMA LINDA MULHER são exemplos disso e eu gostaria de entender melhor a questão.

Por outro lado...ontem foi o dia internacional das mulheres, dia que sempre traz à tona o ideal de luta feminina por igualdade (leia-se mesmos direitos, mesmas obrigações e tratamento equânime dentro e fora do lar), por emancipação (leia-se autosuficiência e independência econômica e financeira) e contra aquilo que se chama de "coisificação da mulher" (leia-se tratamento da mulher como "objeto" de satisfação do desejo masculino de dominação e autosatisfação envolvendo contraprestação pecuniária ou não) e exatamente por isso a Bruna é emblemática: ela, como uma grande parcela de suas pares, "coisifica-se", se presta remuneradamente a objeto sexual por vontade própria e por prazer, não por coação ou necessidade, desmistificando a idéia da mulher-objeto-vítima como pregavam as feministas de outrora.

Algumas mulheres gostam de ser objeto sexual. Algumas mulheres unem o útil ao agradável e gostam de ganhar dinheiro com isso cobrando seu cachê na hora em que os serviços são prestados. Outras mulheres vendem sua companhia, vendem sua beleza, seduzem-se pelo poder do dinheiro e só depois é que cobram (e cobram mais caro como diria o Alexandre Pato...rsrsrs).

De todo modo, tenho observado que em tempos de luta pela igualdade e pela emancipação, seja a mulher feminista ou não, aqui no Brasil o que importa mesmo é se o cara paga a conta! Coisificação mais prosaica que essa eu não conheço.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ninguém é santo

Há anos eu faço separações e divórcios e, nesse período, acompanhei diversos casais antes e depois da separação.

Algumas coisas eu notei: cerca de 80% dos pedidos de separação ou divórcio eram feitos pelas mulheres.

Na maioria dos casos as reclamações eram parecidas: desde desemprego do marido a traição, desde "falta de comprometimento com a relação" a falta de amor.

Os homens, por seu turno, não raramente diziam um simples: cansei...

Muitos deles eram gente boa, de princípios mas que simplesmente cansaram de investir suas energias num casamento que eles entendiam que não iria à diante e justificavam seu cansaço com atitudes femininas que hoje, segundo vejo, estão estampadas na "Folha de São Paulo" como resultado de um estudo a respeito.

Segue a íntegra da matéria:
"Fazer questão de ter a palavra final em uma briga e discutir coisas que já aconteceram há muito tempo são atitudes mais femininas do que masculinas, ao menos no início do casamento.

Essa é uma das principais conclusões de um estudo realizado pela Universidade de Michigan com 373 casais ao longo de 16 anos.

A pesquisa identifica comportamentos destrutivos que podem aumentar as chances de divórcio. Nessa lista, entram também os gritos, insultos e a tendência à fuga.

Segundo Kira Birditt, uma das autoras do estudo, os resultados mostram que ao longo do tempo as mulheres reduzem esse comportamento. Já os homens tendem a permanecer iguais. "Talvez as mulheres usem as estratégias construtivas como um último recurso. "Já gritei e berrei, mas ele não fez nada. Agora isso é sério".

Os resultados dizem que, no primeiro ano, apenas 29% dos maridos e 21% das mulheres relataram ter enfrentado algum tipo de conflito. Após 16 anos, 46% dos casais já tinham se separado. Os que enfrentaram conflitos e comportamentos destrutivos desde o início mostraram maior inclinação ao divórcio.

Estudos anteriores já indicavam que, para os recém-casados, críticas, desprezo, atitude defensiva e abandono das discussões podem levar a união ao divórcio em até sete anos.

"A mulher não é prática, ela costuma ser menos flexível e demandar mais. Para a mulher, DR é discutir a relação, para o homem, é dar risada. Os dois têm formas diferentes de resolver os problemas", afirma a antropóloga Miriam Goldenberg.

A pesquisa mostra ainda que um padrão particularmente danoso para o casamento é quando um dos parceiros tenta resolver a situação de maneira adequada enquanto o outro adota "estratégias de retirada", como abandonar a discussão ou se calar sobre o assunto.

Segundo a pesquisadora, para aquele que se esforça para manter a união, as estratégias de retirada costumam ser vistas mais como falta de investimento no relacionamento do que como tentativa de manter a calma."


É como eu digo: ainda tinham que criar a Lei Mário da Lapa.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Humanização da sexualidade

O Papa Bento 16 defendeu o uso da camisinha só para prostitutas ou em circunstâncias que evitem proliferação de doenças como a AIDS.

Todavia, ele diz que “este não é o verdadeiro caminho para vencer o HIV” e defende a “humanização da sexualidade”.

O que, exatamente, significa a "humanização da sexualidade"? Humanizar é tornar algo mais humano? Ou, noutras palavras, tornar a atividade plena em características que tornam o animal homem diverso dos demais animais?
Se for isso, a camisinha é imperiosa em quase todos os contatos sexuais: até onde se sabe o ser humano é um dos poucos animais cuja atividade sexual não se dá apenas para procriação.
 
Longe disso! Não raramente (e como ele própria acaba por admitir quando acredita no uso para evitar a proliferação de DST´s) a sexualidade é mecanismo de prazer e diversão sem qualquer interesse na procriação.
 
E é como tal que as doenças sexualmente transmissíveis são disseminadas por aí.
 
Entre "moços" e "moças" de "família" (ué, mas todos não são oriundos de uma família???) é que se vê as tais DST´s. Não é a toa que há, no mundo inteiro, uma epidemia de herpes genital e hpv.
 
Isso sem se falar em gravidez indesejada!!!!
 
Se o sexo é para ser humanizado e, portanto, praticado à moda do ser humano (por prazer e não para procriação) resta óbvio que a camisinha não se presta, apenas, para evitar a transmissão de doenças mas previne, sobretudo, a gravidez quando indesejada e que culmina em aborto ou seres humanos infelizmente abandonados, muitos dos quais - inclusive - que recorrem (por um motivo ou por outro) ao crime, às drogas e à prostituição.
 
Logo, em tese, a camisinha poderia - se estimulada - conter boa parte do problema da humanidade relacionado aos abortos, à criminalidade e à transmissão de doenças sexuais.
 
Link para a matéria
Por outro lado, enquanto a preocupação do Papa é com o uso de preservativos, ali ao seu lado se vê coisas grotescas ocorrendo.
 
Na Itália há um Primeiro Ministro acusado de fazer sexo com prostitutas menores de idade!
 
É o caso da garotada cuja foto segue ao lado: foi paga para participar de uma orgia com o manda chuva quando ela ainda tinha 17 anos de idade.
 
O curioso é que o Papa parece nãos e importar com isso e alguém pode dizer que isso não é problema dele mas de Estado e que a Itália deve resolver suas questões internas de maneira independente.
 
Mas e a vida pessoal de cada qual? Não é um problema de cada qual que cada qual deve saber como resolver?
 
E as questões de aborto tratadas em nossas campanhas políticas nestas eleições? Isso não seria um problema nosso?
 
Se o argumento for o de que o Vaticano deve se preocupar em orientar seus fiéis a pergunta que me cabe fazer é: qual foi a orientação por ele dada diante do escândalo que é o tratamento dispensado à garota da foto abaixo que está em condições subhumanas ali mesmo na Itália?
 
prostit.jpg
 
Essa moça nigeriana, detida na noite de 9 Agosto último no decurso de uma operação anti-prostituição levada a cabo na presença de jornalistas, fotógrafos e do conselheiro de segurança de Parma, Constantino Monteverdi, parece ter sido trata de maneira "humanizada"?
 
O que, por exemplo, o vaticano disse a respeito da "humanização" dos tratamentos dispensados a essa e outras pessoas (sim, uma prostituta é - antes de mais nada - uma pessoa humana)? 
 
Não tenho notícia de nada que o Papa tenha dito, como não tenho notícia de nada que ele tenha feito quanto aos religiosos que molestam crianças e fiéis adultos.
 
A inconsequência me impressiona!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Imoralidades

Minha falecida avó costumava dizer que nem tudo que é lícito é moral.

Sábia!

Nesta quarta-feira última um jovem foi preso porque beijava outro jovem. Ele tem 18 anos e o outro  13. Por esse beijo foi acusado de "estupro de vulnerável" e não tenho notícia de que foi solto. Uma manifestação de afetividade está sendo tratada como crime e um jovem perdeu sua liberdade, com chances de condenação, por exercê-la publicamente. 

Por  outro lado, neste último domingo jovens (05 homens, sendo 04 menores e um maior) agrediram transeuntes na Paulista por suposta homofobia já que as vítimas eram gays. Foram 03 as vítimas desse grupo, sendo que uma continua hospitalizada e a outra teve ferimentos na face. Se tem notícia de que os agressores estão soltos desde ontem. Passaram 1 dia preso, portanto. E se forem processados há chances concretas de redundarem em nenhuma condenação ou numa condenação branda.

Qual o recado que damos ao grupo social quando um ato de amor gera prisão e possibilidade de pena severa enquanto a violência (no caso de lesão corporal) pode nem mesmo chegar a ser apenada com prisão?

Pregamos a imoralidade quando permitimos que o Estado, por meio das autoridades constituídas, no exercício de suas atividades entregue para os cidadãos uma clara mensagem de que a homofobia é tolerável e a violência é tolerável mas a homoafetividade é criminosa.

Quando não desestimulamos de maneira vigorosa certos comportamentos é sinal de que os aprovamos.

Quando, por outro lado, encontramos subterfúgios para punir aqueles que nos incomodam o recdao é que os desaprovamos.

Noutras palavras: beijar consensualmente e de forma heteroafetiva um menor não gera consternação social, ninguém denuncia e não é crime; fazer o mesmo numa relação homoafetiva não somente é crime, mas grave; bater não pode mas é de menor ofensividade que o beijo homoafetivo consensual.

Tempos difícieis os nossos, não?

Vou repetir a tirinha que publiquei dia desses aqui no blog, mais providencial impossível.


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Hipocrisia, intolerância e preconceito

Hoje publicou-se a seguinte notícia: "um jovem de 18 anos foi preso na noite de quarta-feira (10) após beijar um menino de 13 anos na área de cinema de um shopping no bairro Santana, na zona norte de São Paulo."

Segundo o boletim de ocorrência registrado no 13º DP (Casa Verde), ele é suspeito de estupro de vulnerável (ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de 14 anos).

Ainda de acordo com a polícia, a gerente do cinema estranhou o comportamento dos dois, após ter visto o jovem abraçando o menino por trás, em uma área de mesas próxima à bilheteria.

Em seguida, eles começaram a se beijar e, segundo a gerente, o beijo teria durado cerca de cinco minutos. Um segurança teria tentado intervir, mas a gerente diz que o jovem "não colaborou", de acordo com o boletim de ocorrência. Então, a Polícia Militar foi chamada.

Na delegacia, em conversa informal, o jovem de 18 anos disse que conheceu o menino pela internet, e que já marcou encontros assim outras três vezes. No entanto, em depoimento ele preferiu não falar.

Já o mais novo afirmou à polícia que beijou o rapaz porque quis e que não foi obrigado a nada. Ele também contou que os dois conversaram pela internet e marcaram de se conhecer no shopping e ir ao cinema na noite de ontem. (Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/829245-rapaz-de-18-anos-e-preso-depois-de-beijar-menino-de-13-em-cinema-da-zona-norte-de-sp.shtml)

Pela lei, mesmo que o beijo tenha sido consensual o caso é considerado crime pelo fato do menino ter menos de 14 anos. Se condenado, o rapaz preso pode pegar de oito a 15 anos de prisão.

A lei penal codificada, em seu art 213, diz que é crime o seguinte comportamento: "Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso."

Já o Art. 217-A trata como crime o ato de: "Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos."
Agora me digam, beijo é ato libidinoso???? Beijo satisfaz a lascivia????

Vai aí uma definição do FERNANDO CAPEZ: "Ato libidinoso é aquele destinado a satisfazer a lascívia, o apetite sexual. Cuida-se de conceito bastante abrangente, na medida em que compreende qualquer atitude com conteúdo sexual que tenha por finalidade a satisfação da libido. Não se incluem nesse conceito as palavras, os escritos com conteúdo erótico, pois a lei se refere ao ato, ou seja, a uma realização física completa (…). Por exemplo: agente que realiza masturbação na vítima, introduz o dedo em seu órgão sexual, introduz instrumento postiço em seu órgão genital, realiza coito oral etc.”

Por favor...me poupem: beijo de um casal apaixonado ou namorando, sejam eles menores ou maiores, sejam eles hetero ou homossexuais não pode ser crime senão na cabeça de pessoas provincianas.

Não se pode dizer que a prisão do pobre rapaz é correta senão num país em que os valores estão de ponta cabeça.

Isso é preconceito claro e indisfarçado!

E muito me admira que a OAB, por seu representante para assuntos de diversidade sexual, não veja isso e não se manifeste contra.

Se fossem dois heterosexuais ninguém diria que é ato libidinoso, não importa a idade que tenham. 

Alguém lembra desse filme: os dois estariam na Febem se fosse aqui...
Tanto é verdade que pergunto: alguém já viu nos carnavais alguma pessoa se molestar por conta disso quando o casal é hetero e um deles é menor? E nas domingueiras? E nas ruas em geral?

Algém já manifestou repúdio ao Marcelo Camelo (30a) - músico do Los Hermanos - porque ele namora como "gente grande" com a Mallu Magalhães (16a)?

Quer dizer que aos 13 anos não temos damos beijos de língua heterossexuais? Meu primeiro beijo foi aos 12, no cinema e durou muuuuuiiiiiiitoooooo tempo. Mas como foi heterossexual: tudo bem!

Uma cretinice sem fim...tenho vergonha.  E depois o pessoal mete o pau no Irã!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Coisa de gente grande

As crianças são o ser humano em sua essência, sem a influência do superego.
Fazem amizades mais facilmente, choram mais facilmente, se alegram mais facilmente, tomam o que é dos outros sem dor na consciência, agridem os outros sem pudor, reatam amizades facilmente, admitem suas fraquezas e raramente escondem o temor que têm ou deixam de dizer com franqueza o que sentem ou o que pensam sobre algo.

Para elas demonstrar amor ou egoísmo não é tabu. E quando são solidárias o fazem de modo genuíno, sem buscar a aprovação por isso. As crianças admiram as coisas ao seu redor e não vêm na beleza ou no luxo algo supérfluo.

As mais tímidas e as mais expansivas o são e ponto. Nada de dissimular, nada de esconder, nada de serem politicamente corretas.

Aculturar-se, não sentir-se parte da natureza como se fosse possível não estar nela ou ser maior que ela, dissimular sentimentos e ações, desvalorizar a estética, o luxo e a beleza, criar obstáculos para ampliar a rede de amigos é, definitivamente, coisa de gente grande. Mas isso, ocorre com qualquer animal. É da natureza...fazer o que?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Materialismo x Mundo Contemporâneo: pequeno ensaio sobre a falácia

"Não é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos, que a apetecemos, que a desejamos, mas, ao contrário, é por nos esforçarmos por ela, por querê-la, por apetecê-la, por desejá-la, que a julgamos boa". Espinoza



Desde que me conheço por gente ouço reclamações sobre o comportamento materialista das pessoas. Há anos que ouço frases como: "Hoje as pessoas estão muito individualistas"; "Hoje as pessoas estão muito egoístas"; ".....porque na época dos meus pais o mundo era tão diferente! As pessoas não pensavam tanto em ter mas em ser e hoje é o inverso. O mundo está de cabeça para baixo"

Eu tenho pensado muito nisso: será que é verdade? será que tal afirmativa tem procedência?

Por enquanto cheguei à conclusão de que não, isso não é verdadeiro.

Parece mais fruto de um senso comum equivocado aliado a um romantismo exacerbado sobre a natureza humana e um pessimismo sobre o mundo contemporâneo!

Até onde eu tenho conhecimento, o mundo antigo era regido pela escacez. O acesso ao luxo e o consumo de supérfluos era restrito às altas gamas da sociedade: aos sacerdotes, aos militares, aos atletas, aos imperadores/czares/reis e membros da respectiva corte, aos nobres, aos burgueses, aos comerciantes e etc.

Noutras palavras: os representantes das classes dominantes, os ricos, é que tinham acesso a alguma fartura, luxo e gozavam de tudo quanto seu dinheiro e prestigio pudessem dispor. Tinham poderes sobre a vida e sobre a morte de seus escravos e inimigos.

Era dessa casta que saiam: médicos, advogados, filósofos, professores e toda a casta de intelectuais da sociedade.

Quem, egresso da pobreza, tinha acesso a essas benesses?

Para a classe pobre e dominada, que sempre foi a maioria, sobrava o que, então? Esperar por uma mudança divina para ascenderem socialmente ou por uma revolução.

Sobrava aos pobres, portanto, rezar e se rebelar. Mais nada.

Quando se tinha a possibilidade de estudar as pessoas o faziam para "ser alguém na vida" e isso significava dizer que era para "terem condições financeiras" que lhes permitissem gozarem dessas benesses, terem prestigio e não para serem sábios, iluminados intelectualmente, pura e simplesmente.

Noutras palavras: "ser alguém na vida" era "ter" e não "ser"!

A revolução francesa, a revolução industrial e outros movimentos sociais mudaram as possibilidades de ascensão social, a divisão econômica e isso permitiu que mais gente tivesse acesso ao estudo e ao consumo de bens materiais superfluos. O mundo passou da escassez ao excesso.

Com isso, tudo mudou na estrutura social e forma como o dinheiro circulava de modo que muita gente não egressa de famílias tradicionais passou a ter acesso a riquezas, à cultura e à ciência mas ainda assim, o foco dessa população (inclusive a intelectualizada) sempre foi "ter" e não "ser".

Faço aqui menção a 06 obras que desvendam bem a questão e quem não leu poderá ler:
- "Biblia"
- "O tao te ching" - Lao Tsé
- "Tratado da correção do intelecto" - Baruch de Espinosa
- "A rebelião das massas" - José Ortega y Gasset
- "O Elogio da Loucura" - Erasmo de Roterdã
- "As Brasas" - Sandor Márai

Elas todas falam de como, na verdade, as pessoas sempre se esforçaram para "ter" em detrimento do "ser" (enrriquecimento intelectual e espiritual) porque "ter" sempre assegurou um lugar mais alto na escala social e, portanto, assegurou (além das necessidades básicas) o apreço dos demais, o apoio dos demais, o poder sobre os demais. Logo, "ser" sempre foi "ter".

Hoje o consumo de massa trouxe para o populacho acesso aos bens materiais que antes lhe eram restritos, inacessíveis e, somente por isso, não tinham.

Se antes poucos eram ricos e pouca gente tinha a possibilidade de "ter", enquanto muitos queriam "ter" mas não podiam "ter" já que, até mesmo, enrriquecer era para poucos; hoje muita gente pode "ter", as chances de se ficar rico saindo do absolutamente nada são grandes e todos querem (como já antes queriam) "ter" mas com possibilidades concretas de acesso aos bens materiais que, desde todo sempre, foram objeto de cobiça humana.

Há, ainda, como penso que sempre haverá, classes dominantes que terão aquilo que o povão não tem.

No passado bacalhau era comida de pobre enquanto linho e seda só tinham acesso os ricos. No passado carro era para poucos e a ralé é que comia feijoada.

O mundo dá voltas e objetos de desejo mudam mas há sempre uma gama de coisas que só uns poucos abençoados podem ter! Mas a verdade é que todos, querem ter num mundo que desde sempre estabelece equivalência entre "ser" igual "ter".

Isso não está exacerbado e nem parece ser um fenômeno contemporâneo. Todos querem ser reconhecidos por seus pares. Ninguém quer estar à margem social. E se para ser reconhecido é preciso "ter" e, por isso, para "ser" todos queremos "ter". Uns mais, outros menos...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Obscenidades, Pudores e Educação


Exposição de arte no Museu Reina Sofia em Madrid - Espanha
fonte: http://www.pitoresco.com.br/espelho/2005_01/espanha/coleccion_taschen.htm
Eu tenho uma amiga, também blogueira e por quem eu tenho muito carinho, que certa vez me fez uma confissão. Ela me disse que deixou de acompanhar publicamente este blog porque teme que seu pai, que sempre visita o blog dela, tomasse conhecimento do conteúdo deste blog que, na opinião dela, tem imagens e temas que podem ofender a sensibilidade e o pudor de algumas pessoas.

Juliana Paes em frente ao público
Eufemismos à parte, penso que a intenção dela era, carinhosamente, dizer que ela própria considera que este blog contém material obceno.

Eu, pessoalmente, discordo! E não é porque eu sou um dos que faço postagens (afinal o Renatão que comigo escreve já me disse que não abre o blog no local de trabalho, não por respeito ao trabalho em si mas porque entende que as imagens chocam).
Discordo, primeiramente porque a própria apresentação do blog já deixa claro o que vem pela frente ao se ingressar nele: material que deixará uns enrubecidos e outros acalorados e, portanto, não se poderia esperar ler ou ver material da Disney.

Em segundo lugar porque, não obstante a apresentação faça referência ao enrrubescimento de uns e acaloramento de outros, o que se vê por aqui não é pornografia ou textos despudorados capazes de causar incomodo ao quem vive no mundo contemporâneo.

Não! Aqui se busca tratar de questões cotidianas cosmopolitas, num nível alto, com irreverência e cultura.

Ainda que existam algumas imagens sensuais, alguns temas picantes e polêmicos, penso que - de fato e objetivamente falando - nada aqui postado ofende o pudor médio da sociedade ocidental (mais precisamente a brasileira) na qual estamos inseridos.

A começar pelas imagens: a maior parte das imagens que colaciono ao blog quando não são de material artístico exposto mundo a fora em museus e galerias abertas ao público em geral e disponíveis na internet para público de qualquer idade, são imagens colhidas à partir de flagrantes do cotidiano ou de revistas comuns (vide a da Juliana acima). São imagens que se vê explicitadas em material publicitário ou mesmo lojas.

Nelas não há sexo explícito, por exemplo.


Lilian Ramos e Itamar Franco nosso ex-presidente
Mesmo quando as imagens mostram a genitália de alguém, o certo é que não se expõe nada a mais do que aquilo que já se tornou prosaico na TV aberta brasileira e nas revistas que por aqui circulam desveladamente.

Os mais apressados poderão dizer: uai? E no carnaval? O Brasil inteiro não vê mulheres e homens absolutamente nús, com sua genitália exposta para quem quiser ver? E, mesmo assim, todos não vêm sem clamor? E quantas não foram as vezes nas quais atrizes ou pessoas comuns mostraram sua genitália na TV?

Verdade: desde as coberturas jornalísticas do carnaval (como exemplifica a imagem ao lado em que nosso ex-presidente estava sorridentemente folião ao lado de sua companhia sem pejo de estar sem calcinha para todos verem) até cenas de programas em horário nobre (tipo novelas, miniséries, humorísticos em geral e etc...) o brasileiro vê rotineiramente pessoas nuas sem dizer que isso lhes ofende a moral e os bons costumes.




Deborah Secco pelada em novela por amdal no Videolog.tv.


Na TV e em revistas já apareceram sem calcinha a Juliana Paes (mais acima), a Lilian Ramos (bem acima), a Xuxa, a Flávia Alessandra, a Luana Piovani e até mesmo a Sandy (que poupei de colocar aqui)...Tudo isso sem contar estrelas do cenário internacional.

E as simples mortais aspirantes a celebridades nos BBB´s, então?



Até o Youtube que proibe postagens pornográficas está cheia de reles mortais sem roupa (ou com pouca roupa) e partos normais (em que óbviamente a genitália é exposta) são exibidos em sua plenitude.

Agora, dá para dizer que a imagem de um parto normal, sublime em sua essência, seja obscena só porque é exibida integralmente, sem cortes?

O "cerumano é engraçado porque se nascemos nús como pode a nudez ser obscena? Para mim obsceno é a falta de dignidade que vejo todo santo dias nas ruas de São Paulo: gente defecando, urinando e se trocando a céu aberto. Gente que é fruto da miséria e da pobreza. Indigentes que vivem sob viadutos, em calçadas e praças, sem dignidade, humilhadas e despudoradamente sem futuro. Isso sim me incomoda muitíssimo. 

Obra providencialmente intitulada: L'Origine du monde
Por outro lado, os museus mundo a fora estão cheios de telas, esculturas e outras obras artísiticas retratando pessoas nuas, em poses eróticas e/ou sensuais, atos sexuais e, ainda assim, as pessoas visitam tais centros culturais venerando a tal arte sem sentirem-se ofendidas.

Um exemplo é essa imagem ao lado pintada por, Gustave Coubert, e que está no Museu d’Orsay, em Paris.

Outro exemplo é a "performance" clicada aí ao lado na 28ª Bienal de São Paulo em 2008.

Então, em que momento algo postado aqui poderia, de fato, ser impúdico? Cultura e arte é ou não é educação? Em caso positivo, educação pode ser obscena?

E os textos aqui postados, seriam eles obscenos?

Analisando-os vejo que mesmo quando há uso de palavras menos elegantes estas não estão fora de contexto e tampouco são diferentes daquelas que já se usa coloquialmente, no dia a dia, ou que comediantes usam em suas apresentações ou, mesmo, que inclusive são publicamente proferidas por nosso digníssimo presidente da república.

Também os textos não são mais picantes do que o conto "Obscenidas para uma dona-de-casa" escrito por Ignácio de Loyola Brandão e que, inclusive, faz parte da obra "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século" (Ed. Objetiva - Rio de Janeiro - ano 2000, página 471).

Aliás, o conto em questão faz parte do material didático oficial para ensino médio nas escolas da rede pública estadual em São Paulo!!!

E, para os que não conhecem o tal conto, que está disponível em sua íntegra na internet (vide link acima), faço apenas uma breve transcrição de parte do texto:

"Se aparecer não vou agüentar, basta ele tocar este telefone e dizer: "Venha, te espero no supermercado, perto da gôndola do puropurê." Desço correndo, nem faço as malas, nem deixo bilhete. Vamos embora, levando uma garrafa de champanhe, vamos para as festas que ele conhece. Fico louca, nem sei o que digo, tudo delírio, por favor não prestem atenção, nem liguem, não quero trepar com ninguém, adoro meu marido e o que ele faz é bom, gostoso, vou usar meias pretas e ligas para ele, vai gostar, penso que vai ficar louco, o pau endurecido querendo me penetrar. "

Claro que a par do texto acima há outros tantos escritos e publicados por escritores classudos, reconhecidos por sua magnâmima contribuição para nossa literatura e que contém pensamentos nessa mesma linha.

Diante disso, dá para falar que as parcas linhas postas neste blog têm conteúdo mais forte do que o material escolar em questão ou que as imagens aqui postadas ferem a sensibilidade dos que vêem obras de arte expostas em museus?

Se a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo acredita que o texto acima faz parte do processo de educação de nossos jovens e se os diversos museus expõem quadros ou gravuras ou imagens ou mesmo performances do quilate ora exposto como demonstração de cultura e, ao mesmo tempo, se é parte da cultura de nosso país a nudez carnavalesca e pop das celebridades e dos anônimos em horário nobre, em revistas de circulação livre e em periódicos em geral só resta a mim estranhar que o pai da minha amiga pudesse mesmo ficar molestado ou chocado com o conteúdo deste blog.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mudança de perspectiva

"O Universo não é uma idéia minha.
A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha.
A noite não anoitece pelos meus olhos,
A minha idéia da noite é que anoitece por meus olhos.
Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos
A noite anoitece concretamente
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso." .............Alberto Caieiro

Por que será que as pessoas são tão resistentes em mudar sua opinião mesmo diante de demonstrações óbvias de que estão erradas?

O pensamento delas não mudará as coisas do mundo que continuará a ser o que é, não obstante a lente de sua visão distorcida ostente outra realidade.

O mundo está hoje mais e mais avançado em termos tecnológicos, a ciência evoluiu sobremaneira. A aliança dessas duas situações nos permite ter acesso fácil às informações sobre praticamente tudo quanto quisermos saber.

Mesmo assim, há algumas pessoas que insistem em ser resistentes a entender ou aceitar as informações que contrariam seus "pré" conceitos ou o senso comum.

Para muita gente, nem mesmo quem já vivenciou experiências, que contrariam algumas informações distorcidas trazidas a público pela ignorância social, consegue ter êxito em contribuir para seu enrriquecimento intelectual.

Não! A pessoa fica ali, parada no tempo, com informações equivocadas que ela faz questão de manter a despeito da verdade ser bem outra. É aquela velha história: "O pior cego é aquele que não quer ver."

E por não aceitar ver a verdade de frente, discutir o assunto com alma e mente abertos, a questão torna-se tabu, contribuindo para a difusão de inverdades e para a manutenção de um problema cuja solução está fácil e à mão.

Sobre o que eu estou falando?

Drogas, aborto, homossexualidade e prostituição: assuntos estigmatizados por uma cultura provinciana e arcaica, esses temas ficam sem uma solução adequada por falta de disposição de abrir-se os corações e mentes para discutí-los sem a influência da religião e à luz da ciência.

Em época de eleição esses assuntos vêm à tona mas são abafados pela ignorância e pela covardia.

Ignorância da população e covardia dos políticos.

Aqui do lado, na nossa vizinha Argentina, dois desses assuntos parecem ter sido encarados de frente e com a firmeza que mereciam: casamento homossexual e despenalização dos usuários de drogas.

Outros países avançaram bem noutros assuntos: na Alemanha a prostituta pode ter registro em carteira e direitos sociais; em alguns estados norteamericanos o aborto não é penalizado.

Em pleno século 20, permanecermos jejunos sem saber diferenciar um usuário de drogas de um viciado, sem saber reconhecer na homossexualidade um direito civil, sem poder dar condições da prostituição sair da obscuridade e permitir a exposição de pessoas aos males causados por abortamentos clandestinos é, simplesmente, de dar vergonha.