Essa era a frase que minha mãe dizia toda vez que eu comprava roupas que, para meus padrões de "office boy", eram de valor elevado.
A frase desprezava o fato de que dinheiro não aceita desaforo.
Havia, contudo, profunda sabedoria naquelas palavras por reconhecer que dinheiro é um meio para alcançarmos um fim e não um fim em si mesmo.
Em termos profissionais, poder-se-ia dizer que a frase era uma extensão da idéia confuciana de que "aquele que faz o que gosta jamais terá trabalhado um dia sequer na vida".
Eu sempre acatei plenamente a idéia hedonista de se buscar maximizar o prazer da vida. Afinal, uma vez que ela seja feita de momentos, quanto mais prazerosos forem esses momentos, mais satisfação eu terei e mais palatável será a minha vida.
Também sempre reconheci a importância de dinheiro em nossas vidas: sem ele não podemos fazer absolutamente nada que a vida nos oferece.
Mas hedonismo e busca por dinheiro não excluem o desejo e a possibilidade efetiva de ser útil ao semelhante.
Logo, não é inconciliável para mim - que sou advogado - ter prazer em minha atividade profissional ao mesmo tempo em que sou útil ao meu semelhante. Claro que se eu trabalhar de graça não terei dinheiro e sem dinheiro não alcanço os meus objetivos pessoais e profissionais.
Todos precisamos ganhar dinheiro, todos precisamos pagar as contas, todos precisamos por comida em casa e todos precisamos viajar, cuidar da saúde, estudar e ser felizes.
Entre as pessoas que conheço noto que muita gente busca ser feliz e ser útil ao semelhante, como se uma coisa dependesse da outra.
É uma pena, todavia, que médicos, advogados, enfermeiros, mebros do Ministério Público, membros do Poder Judiciário, membros da Polícia, professores e outros tantos profissionais façam, exatamente, o contrário daquilo a que juraram fazer.
Não sou muito de criticar as ações dos outros, mas fico realmente puto quando alguém ocupa uma posição de finalidade social como você bem menciona (juízes, policiais, professores, médicos) e não cumprem com suas responsabilidades.
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