Somos todos desafortunados! Gente pobre, miserável, sem futuro e sem passado. Sim, verdadeiros indigentes, desses que beiram o eirado.
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Me refiro ao espírito de nação da qual todos somos todos depauperados. Não ligamos uns para os outros. Basta lembrar das máximas populares criadas em terras tupiniquins: "Cada um para si e deus para todos"; "Quem pode mais chora menos"; "Em terra de cego quem tem olho é rei".
Nem pense que quem participa de coletas de cestas básicas, doações, caridades é mais agraciado porque essa solidariedade pessoal não é solidariedade social e nada resolve, só remedia. Quem dera essas pessoas afunilassem tanto esforço e disposição num sentido amplo, no nível político, que é a única forma de sanar as mazelas que vemos no nosso dia a dia.
Por exemplo, vemos as escolas públicas em estado de vergonha porque nada ensinam, ao revés disso, contrariam a cultura e nos nivelam por baixo. Mas nada fazemos porque nossos filhos, de gente de classe média e alta, estudam em escolas particulares.
Vemos os hospitais públicos levarem centenas de pessoas à morte todos os dias por não terem atendimento adequado mas nós, que nos sentimos privilegiados, nem estamos aí porque temos plano de saúde.
A segurança pública está um caco? Colocamos empresas de segurança privada ao nosso redor, blindamos nossos veículos e gastamos fortunas com seguros.
As ruas estão sujas e foda-se porque nossas casas estão limpas.
Apenas nos insurgimos quando o assunto é reforma tributária. Todos querem a dimunição de impostos como se isso ajudasse a resolver o problema da corrupção endêmica que forra o Brasil.
Não precisa diminuir impostos, basta não termos que pagar para ter aquilo para o que esses mesmos impostos deveriam bastar: educação, saúde e segurança!
Se tivessemos isso, os impostos poderiam seguir como estão e todas as classes sociais seriam beneficiadas. Mas não, pensamos apenas em nosso umbigo, umbigo de quem pode pagar pelas necessidades básicas e pau na bunda de quem não pode.
Pobre é aquele cuja única visão é a de si mesmo.
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