"O Universo não é uma idéia minha.
A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha.
A noite não anoitece pelos meus olhos,
A minha idéia da noite é que anoitece por meus olhos.
Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos
A noite anoitece concretamente
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso." .............Alberto Caieiro
Por que será que as pessoas são tão resistentes em mudar sua opinião mesmo diante de demonstrações óbvias de que estão erradas?
O pensamento delas não mudará as coisas do mundo que continuará a ser o que é, não obstante a lente de sua visão distorcida ostente outra realidade.
O mundo está hoje mais e mais avançado em termos tecnológicos, a ciência evoluiu sobremaneira. A aliança dessas duas situações nos permite ter acesso fácil às informações sobre praticamente tudo quanto quisermos saber.
Mesmo assim, há algumas pessoas que insistem em ser resistentes a entender ou aceitar as informações que contrariam seus "pré" conceitos ou o senso comum.
Para muita gente, nem mesmo quem já vivenciou experiências, que contrariam algumas informações distorcidas trazidas a público pela ignorância social, consegue ter êxito em contribuir para seu enrriquecimento intelectual.
Não! A pessoa fica ali, parada no tempo, com informações equivocadas que ela faz questão de manter a despeito da verdade ser bem outra. É aquela velha história: "O pior cego é aquele que não quer ver."
E por não aceitar ver a verdade de frente, discutir o assunto com alma e mente abertos, a questão torna-se tabu, contribuindo para a difusão de inverdades e para a manutenção de um problema cuja solução está fácil e à mão.
Sobre o que eu estou falando?
Drogas, aborto, homossexualidade e prostituição: assuntos estigmatizados por uma cultura provinciana e arcaica, esses temas ficam sem uma solução adequada por falta de disposição de abrir-se os corações e mentes para discutí-los sem a influência da religião e à luz da ciência.
Em época de eleição esses assuntos vêm à tona mas são abafados pela ignorância e pela covardia.
Ignorância da população e covardia dos políticos.
Aqui do lado, na nossa vizinha Argentina, dois desses assuntos parecem ter sido encarados de frente e com a firmeza que mereciam: casamento homossexual e despenalização dos usuários de drogas.
Outros países avançaram bem noutros assuntos: na Alemanha a prostituta pode ter registro em carteira e direitos sociais; em alguns estados norteamericanos o aborto não é penalizado.
Em pleno século 20, permanecermos jejunos sem saber diferenciar um usuário de drogas de um viciado, sem saber reconhecer na homossexualidade um direito civil, sem poder dar condições da prostituição sair da obscuridade e permitir a exposição de pessoas aos males causados por abortamentos clandestinos é, simplesmente, de dar vergonha.