Tantas são as vezes que queremos dizer algo, mas nem sempre temos o talento de expor o raciocínio de modo tão claro que nos permita tornar nosso raciocínio inteligível o bastante a ponto de resumir uma idéia sem maus entendidos. Não é pecado, portanto, emprestar de outrem o raciocínio que este carinhosamente disponibilizou num livro. É o que faço agora:
"A maior parte daqueles que escreveram sobre as afecções e a maneira de viver dos homens parecem ter tratado, não de coisas naturais que seguem as leis comunns da Natureza, mas de coisas que estão fora da Natureza. Mais ainda, parecem conceber o homem na Natureza, como um império num império. Julgam, com efeito, que o homem perturba a ordem da Natureza mais que a segue, que ele tem sobre seus actos um poder absoluto e apenas tira de si mesmo a sua determinação. Procuram, portanto, a causa da impotência e da insconstância humana, não na potência comum da natureza, mas não sei em que vício da natureza humana, e, por essa razão, lamentam-na, riem-se, desprezam-na, ou, o que acontece mais frequentemente, detestam-na...Mas eis como eu raciocínio. Nada acontece na Natureza que possa ser atribuído a um vívio desta; a Natureza, com efeito, é sempre a mesma; a sua virtude e a sua potência de agir é una e por toda parte a mesma, isto é, as leis e as regras da Natureza, segundo as quais tudo acontece e passa de uma forma a outra, são sempre e por toda parte as mesmas; por consequência, a via recta para conhecer a natureza das coisas, quaisquer que sejam elas, deve ser também una e a mesma, isto é, sempre por meio das leis e das regras universais da Natureza." (in Ética, de Baruch de Espinosa, Ed. Relógio Dágua).
Qual a relação entre Espinosa e os ambientalistas????
Ora, toda vez que se acusa o ser humano de maus tratos ao meio ambiente e de mudar o rumo da natureza, de alterar o clima e etc... nunca se pensa que o ser humano (que é parte dessa mesma natureza e age por influência dela, segundo suas leis) nada mais é do que instrumento da própria mãe natureza em sua eterna mutação. O mundo não é hoje como foi há milhares de anos. Numa época remota, na qual homens não povoavam a Terra, fauna e flora foram extintas. O universo vive uma eterna construção e as forças da natureza (seja por meio da mão humana, seja por meio de cataclismas, seja por meio de meteoros) de tempos em tempos se encarrega de renovar-se a si mesma. É isso, noutras palavras, o que as palavras de Espinosa tornam claro.
A cada ato que praticamos, milhares de possibilidades de resultados nos são apresentadas. Não temos controle efetivo sobre nada, tampouco conhecimento profundo sobre os desdobramentos de nossos atos. É o chamado "efeito borboleta". Mas ainda assim, como somos antropocêntricos, nos acreditamos responsáveis pelo que entendemos ser a degradação do mundo e, o que é mais risível, responsáveis por "salvar o planeta". Salvar de quem, cara pálida? Salvar o planeta da própria Natureza?
de nós mesmos?!
ResponderExcluir:t
Se vc entender que nós não pertencemos a natureza e estamos fora dela como uma potência à parte, longe dos influxos dela...quem sabe.
ResponderExcluirEsse mesmo homem já criou ferramentas que podem mensurar o que faz, parte de sua evolução, portanto temos como medir o que fazemos, isso é ciência, os caras que o Bush pagou para dizer que isso não era verdade já foram desmentidos por um relatório assinado por mais de mil cientistas considerados melhores do mundo.
ResponderExcluirA outra questão é, não estamos salvando a natureza, e sim á nós mesmos. Eu só posso falar de mim, e o que sinto quando vou para um lugar com árvores, mar, passáros...., ou seja natureza, é paz, tranquilidade, alegria, e o que sinto no trânsito, raiva, ansiedade, impotência,o que me faz querer preservar a natureza e acabar com o trânsito, mas lhe digo que é por puro egoísmo, coisa muito humana e natural a nossa natureza humana.