Pois bem, lendo "Humano, demasiado humano" descobri duas reflexões de Nietzsche que bem resumem aquilo que aprendi sobre casamento ao longo de cerca de 20 anos de atividade jurídica:
"O melhor amigo terá provavelmente a melhor esposa, porque o bom casamento tem por base o talento para a amizade."
"Ao iniciar um casamento, o homem deve se colocar a seguinte pergunta: você acredita que gostará de conversar com esta mulher até na velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas a maior parte de tempo é dedica à conversa."
Claro que essa reflexão, feita antes por um prisma aboslutamente masculino, deve ser também considerada pelas mulheres modernas quando o assunto é relação a dois.
Com muita frequência ouço de amigas e clientes manifestações de inconformismo com o comportamento de seu marido/parceiro/namorado.
Não raramente o cidadão em nada mudou. Então, o que ocorreu? Por que a mulher se sente incomodada com o parceiro que ela própria escolheu? O que há de errado?
A questão é que numa relação longa e dinâmica é impossível fugir do desgaste que se tem quando as características pessoais de alguém nos incomodam ou vão de encontro aos nossos ideais e convicções. Fechar os olhos para isso imaginando que esse alguém vai mudar equivale a sentenciar o fracasso da relação.
Amigos aceitam-se mutuamente como são: com suas virtudes e defeitos. Amigos não exigem mudanças comportamentais por parte do outro. Por isso é mais comum amizades duradouras a relações matrimoniais verdadeiramente duradouras (digo isso porque muitos casamentos são como algumas árvores de São Paulo: estão de pé e parecem bonitas e frondosas, enquanto por dentro foram corroídas e estão prestes a cair na primeira tempestade de vento).
Também já casei e, recentemente, separei-me.
ResponderExcluirExcelente casamento, cada dia que durou.
Nunca faltou assunto (para confirmar Nietzsche).
Mas hoje acho que algumas coisas são fundamentais para um casamento:
- casar-se consigo mesmo, antes
- assegurar-se de que ambos acreditam em respeito e liberdade
- amar (ter um legítimo interesse no desenvolvimento do outro)
Ferrari, está aí algo de fato muito importante: ter um legítimo interesse no desenvolvimento do outro é amizade e amizade é amor Casamento sem amizade é casamento sem amor, difícil, portanto, durar uma vida.
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