sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Amizade e Casamento

Na qualiade de advogado que sou tenho visto de perto toda sorte de acontecimentos envolvendo casamentos. Desde seu nascimento até - mas principalmente - seu fim. Já fiz muitas separações e divórcios e até já casei, ou melhor, presidi a "cerimônia" de casamento de um amigo que, depois, também se divorciou.

Pois bem, lendo "Humano, demasiado humano" descobri duas reflexões de Nietzsche que bem resumem aquilo que aprendi sobre casamento ao longo de cerca de 20 anos de atividade jurídica:
"O melhor amigo terá provavelmente a melhor esposa, porque o bom casamento tem por base o talento para a amizade."

"Ao iniciar um casamento, o homem deve se colocar a seguinte pergunta: você acredita que gostará de conversar com esta mulher até na velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas a maior parte de tempo é dedica à conversa."
Claro que essa reflexão, feita antes por um prisma aboslutamente masculino, deve ser também considerada pelas mulheres modernas quando o assunto é relação a dois.
Com muita frequência ouço de amigas e clientes manifestações de inconformismo com o comportamento de seu marido/parceiro/namorado.
Não raramente o cidadão em nada mudou. Então, o que ocorreu? Por que a mulher se sente incomodada com o parceiro que ela própria escolheu? O que há de errado?
A questão é que numa relação longa e dinâmica é impossível fugir do desgaste que se tem quando as características pessoais de alguém nos incomodam ou vão de encontro aos nossos ideais e convicções. Fechar os olhos para isso imaginando que esse alguém vai mudar equivale a sentenciar o fracasso da relação.
Amigos aceitam-se mutuamente como são: com suas virtudes e defeitos. Amigos não exigem mudanças comportamentais por parte do outro. Por isso é mais comum amizades duradouras a relações matrimoniais verdadeiramente duradouras (digo isso porque muitos casamentos são como algumas árvores de São Paulo: estão de pé e parecem bonitas e frondosas, enquanto por dentro foram corroídas e estão prestes a cair na primeira tempestade de vento).

2 comentários:

  1. Também já casei e, recentemente, separei-me.
    Excelente casamento, cada dia que durou.
    Nunca faltou assunto (para confirmar Nietzsche).
    Mas hoje acho que algumas coisas são fundamentais para um casamento:
    - casar-se consigo mesmo, antes
    - assegurar-se de que ambos acreditam em respeito e liberdade
    - amar (ter um legítimo interesse no desenvolvimento do outro)

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  2. Ferrari, está aí algo de fato muito importante: ter um legítimo interesse no desenvolvimento do outro é amizade e amizade é amor Casamento sem amizade é casamento sem amor, difícil, portanto, durar uma vida.

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