sexta-feira, 25 de março de 2011

Coração aprisionado

Ela respirou fundo e admitiu para si:
"A ele eu pertenço e a ele darei meu corpo e meu coração!"
Era esse o seu desígnio e seria essa sua prisão.
"Viver assim, submissa é degradante..." pensou ela um dia.
Mas o romance nem sempre é terno e a ternura nem sempre suave.
Lhe doía mais a tristeza do isolamento em que vivia,
Lhe doía mais não poder admitir a si mesma que a brutalidade lhe satisfazia,
Lhe doía mais viver na mediocridade como suas amigas
Do que colocar seu novo piercing no mamilo
Ou do que usar com ele os pesados niple clips que ganhara no natal.
Agora, despida dos pudores de outrora, ela se dispunha a dar e a sentir prazer, como antes só ousava imaginar.
Desse jeito, ajoelhada e algemada, sentia-se curiosamente livre. Livre para ser e sentir como genuinamente era e sentia.
Lembrou de fragmentos de O MAIS É NADA de Fernando Pessoa e, ajoelhada sobre a cama tal como estava, apenas jogou seu corpo para frente, prostrando-se diante da cabeceira de modo a deixar suas ancas em destaque. Assim, com as nádegas e as partes pudicas entreabertas, fechou os olhos ansiando por ser invadida por seu amor.

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