O Shopping Cidade Jardim foi construído como um templo de consumo de alto luxo como parte de um empreendimento maior que compreendia um condomínio residencial e comercial, todos co-relacionados entre si para que a camada mais abastada de São Paulo pudesse se isolar do resto dos mortais.
O Shopping, que não contempla entrada para transeuntes à pé e tem acesso difícil para quem não está de carro, já abriu o bico: trouxe para seu rol de lojas exclusivas outras que são ligeiramente mais "populares".
Noutras palavras: o alto luxo parece não bastar para manter o Shopping com a lucratividade esperada.
Irônico!
Mais irônico e emblemático foram os roubos à Tiffany & Co e à Rolex.
Em menos de 30 dias as duas lojas foram assaltadas e não espero que a alta classe social entenda o recado implícito que esses fatos trazem à tona: o isolamento não blinda ninguém!
Ao invés da elite se integrar à cidade e lutar junto com os demais concidadãos por um lugar mais igualitário, mais acessível e mais justo; ao invés dessa elite buscar patrocinar políticos engajados com causas sociais verdadeiras, com ímpeto genuíno de mudanças e com honestidade; ao invés de buscar um lugar para todos e não somente para os mais afortunados o que vemos? Isolamento, alienação, sectariedade e - óbviamente - da tudo no que vemos.
Essa é a resposta irônica, mas já esperada, dessa conduta que divide paulistanos em dois grupos: "eles" e "nós".
Solidariedade (como eu diria) somadíssimo a Tolerância (como VC diria)...
ResponderExcluirMarcos,
ResponderExcluirÉ senso comum criticar os ricos esbanjadores.
Eu particularmente acho que ricos que torram o seu dinheiro fazem uma ação social no sentido de compartilhar sua riqueza. E prefiro que façam isso no nosso país do que em Miami.
Enquanto não encontramos forma melhor para distribuir o dinheiro concentrado na mão de poucos (muitos dos quais fazem por merecer) acho mais é que garantir que existam lugares onde possam transferir seu patrimônio em segurança é uma iniciativa com bons resultados para a sociedade.
Claro que sensibilizar os mais favorecidos a contribuir para ações sociais, digamos, mais diretas, é uma boa idéia. Mas é bem mais difícil...
FF,
ResponderExcluirCá entre nós: eu não critico rico por ser rico ou por ser esbanjador. Quem tem dinheiro, sobretudo lícito, tem o direito e até o dever de gastar sua fortuna porque, como vc mesmo bem observou, gera benefícios sociais incontáveis.
Eu tb gostaria de ter grana para comprar um relógio Bvlgari de R$ 50.000,00 ou uma abotoadura da mesma marca por R$ 5.000,00 ou uma Porsche Cayene por R$ 555.000,00 ou um Aston Martin DBS por R$ 1.500.000,00.
A questão é outra: como não se integram aos demais entes sociais, como buscam se isolar da sociedade pobre do qual são o topo da pirâmide, como a distância entre pobres e milionários é gigantesca e como eles próprios alimentam essa desigualdade, é óbvio que - não importa onde se infurnem - eles serão perseguidos por meliantes cada vez mais dispostos a enfrentar riscos pela perspectiva do alto retorno e baixa expectativa de efetiva punição.
É egoísmo burro! Seria mais inteligente se - por mero egoísmo ainda - militassem por efetivas melhorias sociais. Não me refiro só a diminuição da desiguladade, melhoria do ensino e saúde públicos. Me refiro a melhoria da Justiça e da Segurança públicas. Me refiro a engajamento político que melhore São Paulo ou o país como um todo e não só para sua região ou seus interesses imediatos.
A violência de que são vitimados é fruto dessa falta de compromisso com o planejamento da própria tranquilidade: afinal se eu melhoro o entorno, se eu melhoro a vida "dos pobres" que me rodeiam, eu também melhoro a minha vida e mitigo os efeitos da violência de que acabo por ser vítima.
Mais egoísta que isso impossível!