É que a noite dá guarida ao lado inconfessável das pessoas, escondendo seus defeitos e seus vícios. Esconde também seus medos e suas fragilidades.
Não é à toa que a noite não é só objeto de alegoria retórica: a ela recorrem todos os que querem não ser notados, a todos os que querem esconder dos olhos alheios suas vicissitudes e suas vulnerabilidades.
Assim como o Lobisomen e o Vampiro, seres bestiais que representam o alterego do ser humano, nossos monstros pessoais e nossos segredos inconfessáveis sentem-se confortáveis no silêncio e na escuridão da noite porquanto nasceram da escuridão de nosso próprio ser.
Talvez por isso muita gente não consiga dormir de luz apagada: na total escuridão é que vive o bicho-papão e se espera que um facho de luz possa afugentá-lo!
Daí que o tal verbete popular traz uma mensagem subliminar: a de que todos se igualam na escuridão porque todos nós, bons cidadãos e maus cidadãos, bons pais e maus pais, bons cônjuges e maus cônjuges, trazemos a marca indelével da falibilidade humana que a todos reduz e nivela.
Algo como atire a primeira pedra quem nunca pecou...
Sentimentos e atos nem sempre sublimes, nem sempre nobres, nem sempre altivos, quem nunca sentiu ou praticou?
A ausência de luz, as trevas, são sempre usadas para ilustrar o que há de mais baixo no espírito humano e como contraponto está, sempre, a luz que representa a elevação espiritual e intelectual.
O ser humano é como um período de 24hs: tem a noite e tem o dia, para lembrar que ambos coexistem sem conflito num mesmo período e para lembrar que não existiria um sem o outro.
Oi A. Marcos, meu marido sempre se refere a noite como as trevas e momento em que as criaturas do mal estão a solta.
ResponderExcluirBjs