segunda-feira, 18 de abril de 2011

Homenageando a vovó

Há cerca de 10 anos morria minha avó materna, logo após completar seus 88 (oitenta e oito) anos de idade. Seu aniversário, se viva estivesse, seria amanhã, dia 19/04.

Nascida e criada no interior da Bahia, testemunhou o auge e o declínio das fazendas de cacau e de café, tendo trabalhado arduamente na roça numa condição de inegável exploração.

A velha avó se parecia com a senhora ao lado. Tinha o rosto marcado pela vida, andava com dificuldades graças ao trabalho duro da roça e viu de tudo: conheceu Lampião, viu uma de suas irmãs fugir com um cangaceiro, enfrentou homem na faca, teve irmãos assassinados no sertão e contava as tantas  histórias do sertão como se estivesse numa roda de viola.

Ela ainda imaginava que o Rio São Francisco fosse maior que o mar até ver o mar pela primeira vez já depois de velha.

Com a ternura e a docilidade típicas da avó baiana da fazenda, a vó "Tonha", sempre me vem a memória toda vez que ouço TOCANDO EM FRENTE do Almir Sater. Essa música é a cara dela!

5 comentários:

  1. Linda a história, linda a música... Sorte sua que pode conviver com a sua avó!!!

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  2. Aiiii que fofo!
    Vó é tão bom né!
    Eu tbm não tenho mais.
    Sinto falta das duas, cada uma do seu jeito.
    Uma era bem rude, seca, com as marcas da vida.. a outra era um espetáculo, uma sonhadora, vivia num mundo que se existisse, seríamos todos mais felizes.

    Parabéns pela sua vovó. Ficamos com a saudade e o apertinho no peito.

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  3. Oi Marcos.
    Duas coisas:
    1. Amei teu comentário deixada no meu blogue. Realmente, concordo contigo. Relação é uma construção muita bonita que vale à pena comer as duas sacas de sal, como dizia a sua maravilhosa avó.
    2.Que avó brava, corajosa e linda foi a tua. Sabe, sinto falta dessas mulheres no mundo. Mulheres essas que não perdem tempo na vida com coisas sem sentido para uma existência melhor. Ao ler, me recordei das minhas avós, que também já se foram. A minha avó materna, por praxe, nas sextas-feira santas, mandava roubar galinhas,para matá-las e comê-las , à meia noite (crendice popular no nordeste). Isso me chama a atenção até hoje, pq eu herdei isso dela...rs...enfim...é tão bom sabermos que fazemos parte das histórias de mulheres como elas.

    Beijinhos pra ti

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  4. Parabéns para a vó Tonha que deixou muitas lembranças, principalmente, porque andava sempre cheirosa e sem dizer que adorava tomar um licor, claro que sempre em taça de cristal... ai senão fosse... rsrs simplicidade a parte!

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  5. O tempo que convivi com ela, foi o suficiente para adota-la como minha 3a avó. Saudades de suas histórias e dos debates após assistirmos partidas de futebol....

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